sábado, 2 de julho de 2016

O IMPÉRIO DO MEDO






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O IMPÉRIO DO MEDO
Avelina Maria Noronha de Almeida
avelinaconselheirolafaiete@gmail.com


No ano de 1976 eu estudava, com minhas alunas de Psicologia Educacional, as neuroses. Coincidiu que, naquela época, os jornais estavam focalizando, quase todos os dias, as reações obsessivas de Howard Robard Hughes Jr. que, naquela época, tinham atingido um clímax tal que levava a imprensa a focalizá-lo, pois era um dos homens mais ricos do mundo, inteligentíssimo, aviador, engenheiro aeronáutico autor de várias invenções na área, ator, produtor e diretor cinematográfico de grande sucesso, recorde mundial de velocidade em um avião, empresário poderosíssimo e muita coisa mais.

Essa pessoa tão fabulosa, porém, nas últimas décadas de sua vida, passou a ter um comportamento descontrolado e a sofrer de misofobia, fobia aos germes. Foi-se afastando das pessoas, e as que entrassem em contato com as mesmas coisas que ele tocava tinham de usar luvas brancas e seus criados tinham de tratar de tudo usando lenços de papel. A cada dia seu comportamento se tornava mais irracional, comunicando-se com as pessoas através de vidros e só quando estritamente necessário, com medo de micróbios nas roupas, nos alimentos, somente usando enlatados. Mas até esses foram abandonados, porque foi encontrado dentro de seu quarto em desnutrição extrema, rodeado de enlatados sem abrir. Levado de avião para o hospital, no meio do caminho teve uma parada cardíaca. Assim, faleceu um dos homens mais ricos do mundo, de fome e apenas coberto com um lençol, aquele que viveu os últimos tempos da vida sob o império do medo. Sempre que o jornal publicava alguma notícia dos últimos meses de sua vida, eu recortava e levava para a sala de aula, até a publicação da notícia final.

Nós, também, como Hughes, estamos vivendo sob o império do medo e com um agravante. No caso dele, os fantasmas eram os micróbios, e a gama de ameaças que nos atemorizam é muito, muito maior!!! Cada vez mais nos dias de hoje, principalmente nesta crise geral dos últimos tempos, somos perturbados por essa sensação de medo, que é um doloroso sofrimento psicológico e compromete tanto as relações sociais.

Por causa do medo estamos sempre desconfiados com as pessoas; são construídos muros altíssimos de proteção em frente às casas, privando o passante da contemplação de sua beleza arquitetônica. E o medo de sairmos à rua e sermos assaltados? De viajar com esse trânsito enlouquecido; de perder o emprego; de, já o tendo perdido, não arranjar outro; de não ter como pagar as dívidas; de comer alimentos contaminados; de beber água com micróbios; das reações adversas de remédio; das doenças que estão se alastrando; do crime organizado; da escalada da violência; dos efeitos da corrupção e do destino futuro do País; enfim, de tudo que pode trazer conseqüências maléficas para o nós?

Vamos ficar alertas. Não deixemos que o medo nos destrua, como fez com o pobre megamilionário. Duas atitudes podem nos ajudar: fazer a nossa parte, no que for necessário, para que surjam novos tempos de mais segurança, agindo com...
...Pace et Sapere. (Paz e Sabedoria)

Publicado no "Correio da Cidade" em janeiro de 2016

O IMPÉRIO DA ALEGRIA






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Avelina Maria Noronha de Almeida
avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

Outro dia ouvi, ao longe, um som de bateria. Foi aos poucos se aproximando e, quando ficou bem perto, aproximei-me da janela para ver o que estava passando. Era um bloco. Mas que beleza! Bastante gente dançando animada, fantasias interessantes, muito coloridas, bateria excelente, um visual maravilhoso! E o mais importante, a gente podia sentir a alegria e o entusiasmo dos foliões.
À noite, vi os noticiários da TV. São Paulo estava efervescente, com milhares de foliões, um número enorme de blocos, muito colorido, muitas fantasias, um espetáculo! E também milhares de pessoas no Rio de Janeiro, naquela euforia bonita, um mar de alegria.

Fiquei pensando: o povo brasileiro está sofrendo muito com a crise, mas que força tem a nossa raça para passar por cima do sofrimento e desabrochar a flor de sua alma nas avenidas e ruas, numa explosão de vitalidade. Esses eventos que presenciei pessoalmente e na mídia são como a luz no fundo do túnel, a graça maior da esperança de as coisas melhorarem. Com tal característica de personalidade coletiva, este valioso povo brasileiro vai saber reverter o processo deletério do País, tenho certeza!

Como pensamento puxa pensamento, passei para outras paisagens, como as do Facebook e do WhatsApp, aplicativos de comunicação que a cada dia se expandem mais. Têm certamente seus pontos negativos, supervalorizando o virtual, afetando o convívio pessoal e afetivo, principalmente porque as pessoas não estabelecem limites para seu uso, usufruindo suas vantagens às vezes de modo desordenado e até irracional. Além disso, há o compartilhamento de conteúdos impróprios e nocivos. Não se pode negar que há riscos.

Mas no assunto do qual estou tratando, essa ferramenta virtual tem ajudado, principalmente em certos grupos, a facilitar as conversas, trocar informações e, num certo ponto, dinamizar as relações afetivas e trazer alegria. Por exemplo: nos grupos familiares aparecem vários “Bom dia!” pela manhã, “Boa noite!” ao declinar o dia. Desejam felicidades nos aniversários. De um modo geral, são colocados textos de grande beleza, de ajuda espiritual ou psicológica, piadas algumas vezes muito boas, que despertam o riso benéfico para o corpo e para a alma. Conheço pessoas que viviam afundadas na depressão e estão bem diferentes depois do WhatsApp. Ontem vi uma mensagem assim: “Este grupo é uma bênção em nossas vidas!” Outra em seguida: “Obrigada, pois sou um membro do grupo”. E uma terceira: “Conheci pessoas que nem imaginava serem da família. Muito bom!!!”

Um vídeo muito interessante que está circulando fala das pessoas que andam muito mal-humoradas ultimamente e mostra como a risada pode contagiar. Numa condução em que todos estão sérios, talvez preocupados com a vida, alguém começa a rir, pouco a pouco todos estão rindo, e quem assiste acaba rindo também, sem ninguém saber de quê, como aconteceu comigo, jogando-me num relax ma-ra-vi-lho-so! A facilidade de enfrentar a vida sempre rindo, fazendo piadas e charges é que fortalece o brasileiro na superação dos problemas, com muita esperança na luta para a tempestade passar. A alegria é uma solução? Não, mas ajuda na busca da solução. É um estado de espírito que ilumina os caminhos para a vitória.

Há um provérbio latino que diz assim:
Rideo, ergo sum. (Rio, logo existo. Rio, logo estou vivo)

Publicado em princípio de fevereiro de 2o16.


IMPÉRIO DO CARINHO








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IMPÉRIO DO CARINHO
Avelina Maria Noronha de Almeida
avelinaconselheirolafaiete@gmail.com



Uma complementação ao meu artigo anterior, “O Império da Alegria”, com as palavras do grande escritor Rubens Alves em seu livro “Sobre Demônios e Pecados”: “Mais poderoso que o nome do demônio é o riso. Quando ele começa a atormentá-lo, ponha-se a rir. O demônio ou demônios que moram em você fugirão espavoridos. Porque, como disse Nietzsche, maravilhoso exorcista, os demônios são o ‘espírito da gravidade’ e não suportam a leveza do riso.” Então, vamos rir, gente! Mas o império de hoje é outro. É o império do carinho.

Se o riso é antídoto para a depressão e outros males que afligem a Humanidade, também o carinho pode ajudar o mundo a ficar melhor. Vou contar um caso que, por minha vez, ouvi contado em uma crônica há mais de quarenta anos. Esqueci o nome do cronista, cujos escritos eu lia sempre, mas, interessante, seu nome não me vem agora na memória, mas o que ele contou ficou gravado de forma tão forte em minha mente, tanto me agradou, que me lembro perfeitamente.

Uma senhora idosa, cuja residência era no centro de Belo Horizonte, vivia sozinha. Todos os domingos ia almoçar na casa de uma filha, alguns quarteirões adiante de sua casa. Num desses domingos, quando voltava para seu lar, viu um moço bem apessoado, parecendo “gente boa”, indo na mesma direção e, como estava um pouco cansada, resolveu recorrer a ele: “– Meu filho, poderia me ajudar a ir para casa?”. Ele concordou, deu-lhe o braço e foram caminhando.

A velha senhora começou a falar sobre sua vida, a visita que fazia todos os domingos à casa da filha. Que levava sempre as jóias na grande bolsa porque, sendo caríssimas, tinha receio de deixá-las em casa e serem roubadas. Mas que era um problema porque os netinhos abriam a bolsa e ficavam brincando com as jóias... E assim foi tagarelando, o moço sempre calado, até que chegaram ao destino. Abriu a bolsa procurando a chave e, muito desajeitada, não conseguia achá-la. Novamente recorreu ao moço: “– Meu filho, são muitas jóias e não estou conseguindo achar a chave. Veja se consegue achá-la e faça-me o favor de abrir a porta para mim...

O moço pegou a bolsa, achou lá no fundo a chave, abriu a porta e aí falou com ela: “– Agora a senhora entre e feche depressa a porta antes que eu me arrependa. Sou um ladrão e só não roubei a senhora porque, desde que eu era bem pequeno, nunca mais ninguém me chamou de “Meu filho!”

Quantos males poderiam ser evitados com palavras de carinho que despertassem forças positivas num coração! Bem disse Cecília Meireles no “Romanceiro da Inconfidência: “Ai, palavras, ai, palavras, / que estranha potência a vossa!”

E bem diziam também os latinos:
Verba mollia et efficacia. (As boas palavras custam pouco e valem muito)


Publicado em final de fevereiro de 2016

FALANDO SOBRE PROFESSORES E LEITURA






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FALANDO SOBRE PROFESSORES E LEITURA
Avelina Maria Noronha de Almeida
Avelinaconselheirolafaiete@gmail.com


Há algum tempo li, neste jornal, um artigo do Professor José Antônio dos Santos intitulado “Professores e Leitura”. Lembrei-me desse artigo quando li, recentemente, uma excelente mensagem de Luís Antônio Torelli, Presidente da Câmara Brasileira do Livro, em que ele se preocupa com o enorme reajuste do papel de imprimir que pode interferir negativamente em relação aos livros, contribuindo para desestimular o hábito da leitura, pois, como afirma, “os livros são decisivos para que possamos reverter a má qualidade do ensino!”

Em seu artigo, Professor José Antônio faz uma pergunta: “Os professores lêem muito: O tempo todo?” Pergunta que não posso responder em relação ao tempo atual, pois há décadas não tenho mais o prazer de conviver com o professorado. No entanto penso que, tendo que acumular trabalhos devido ao baixo salário, com as atividades inerentes à função, que tomam muito tempo, a sobrecarga acarretando cansaço, creio que, muitas vezes, isso não aconteça, mas posso estar enganada pelo motivo que citei acima.

Realmente, seria ideal que bons livros sobre Didática e sobre o conteúdo da matéria fossem lidos pelos mestres. Creio que muitos o façam.

Como idéia puxa idéia e idéia puxa memória, lembrei-me de um momento interessante sobre a Educação no passado em nossa cidade. Quando eu lecionei História da Educação, uma aluna entrevistou, para certa atividade, uma professora aposentada, colega de minha mãe, Nantilde. Elas haviam se formado no Magistério no Colégio Nossa Senhora de Nazaré, na primeira turma, isso em 1928. Nantilde contou que, ao se formar, fora designada para a escola rural de um distrito de, naquela época, Queluz. Periódicamente ia o Inspetor na escola dela e levava livros sobre didática para que ela lesse.

Era a dourada época da implantação da Escola Nova em Minas Gerais, justamente no ano da formatura delas, com a Reforma Francisco Campos, esplêndida obra do governo de Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, de Barbacena, que assumira a administração do Estado em 1926 e trouxera pedagogos de renome internacional para implantar a reforma.

Contou Nantilde que, como na época não havia livros traduzidos para o Português, o inspetor entregava a ela livros em espanhol e em francês. Mas não só entregava. Na visita seguinte “sabatinava” a professora detalhadamente sobre o conteúdo das obras para verificar se ela havia realmente lido os livros. Nantilde era muito inteligente, o Colégio era eficientíssimo e, por isso, deve ter se saído sempre muito bem.
Não é um belo episódio da História da Educação em nossa cidade?

O exemplo de experiências passadas pode incentivar o presente. Como disse o grande Marco Túlio Cícero:
Historia est magistra vitae. (A História é a mestra da vida)

Publicado em princípio de março de 2016.



BOM DIA, CONSELHEIRO LAFAIETE!







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BOM DIA, CONSELHEIRO LAFAIETE!

Avelina Maria Noronha de Almeida
avelinaconselheirolafaiete@gmail.com



“Bom dia, Conselheiro Lafaiete!” Foi assim que, no dia 28 de março de 1934, a manhã saudou a cidade que, no dia anterior, adormecera Queluz em seu tradicional berço... e acordara, naquele dia, Conselheiro Lafaiete.

Foi um espanto para a população. Risos felizes, às vezes marotos, dos que arquitetaram a mudança. Ar de surpresa na maioria dos cidadãos. Vozes revoltadas dos que se apegavam à tradição de um nome sonoro e belo, que era lembrança da emancipação do Arraial do Campo Alegre dos Carijós quando se tornou a Real Vila de Queluz!

E teve início um período de brigas, de insultos. Diziam os moradores do até então bairro de Lafayette, situado abaixo da linha férrea, defensores da mudança de nome, aos moradores da parte alta da cidade: “– Nós temos a Estrada de Ferro. Quando vocês quiserem viajar, não desçam. Vão em lombo de burro pela estrada!”, referindo-se ao caminho de terra que passava na atual Avenida Prefeito Mário Rodrigues Pereira. Respondiam os da parte de cima: “– Nós temos a Prefeitura e o Cemitério. Quando alguém de vocês morrer não tragam para cá, enterrem no fundo da horta!”

Assim ficou a situação por muito tempo.

Mas a vida foi caminhando, a poeira abaixando e, embora até hoje haja descontentes, o novo nome se firmou. Árvores frondosas cresceram no solo de Queluz, fértil de riquezas e de gente. Projetaram seus ramos por Minas Gerais e pelo Brasil, até mesmo por outros lugares do mundo. Mas também árvores frondosas cresceram e crescem no solo de Conselheiro Lafaiete, igualmente fértil de riquezas e de gente.

Mas quem foi esse homem prodigioso que estabeleceu um divisor de águas entre dois tempos desta cidade e cujo aniversário de nascimento se comemora no mês de março? Por que mereceu a honraria? Nascido na Fazenda dos Macacos, na região rural de nossa cidade, mereceu a honraria por sua inteligência, sua capacidade de atuação e a permanência de suas ações?

Quando, foi nomeado Ministro da Justiça, ele, um “liberal” pouco tempo antes inserido num governo de “conservadores”, disse-lhe com malícia, sugerindo uma situação demeritória ou ambígua, o Deputado Martinho Campos: “– Eu só queria saber de que meios V. Exa. se serviu para subir tão depressa aos Conselhos da Coroa!” E esta foi a resposta firme que ele deu ao provocador: “– Subi montado em dois livrinhos de Direito!”

Livrinhos esses considerados até hoje duas magníficas colunas da literatura do Direito Civil: o “Direitos de Família” (1869) e o “Direito das Coisas”. Sábio jurista, filósofo de pensamento de pensamento profundo, soube conciliar, suas concepções liberais com algumas das concepções republicanas, transitando, com firmeza e sabedoria, na dialética arenosa do final de Império.

De sua vida podemos, entre tanta coisa mais, dizer:
Praestantia per Scientiam! (Excelência pelo Conhecimento)


Publicado em fins de março de 2016


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O AMOR VENCE TODAS AS COISAS





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O AMOR VENCE TODAS AS COISAS

Avelina Maria Noronha de Almeida
avelinaconselheirolafaiete@gmail.com


Dias atrás, ao amanhecer, olhando pela janela de meu quarto, extasiei-me com uma visão encantadora: vi, em um pequeno espaço que me restava entre dois prédios, uma árvore mais que centenária, uma mangueira que se ergue atrás do antigo casarão da rua Coronel Arthur Nascimento, na direção da entrada da rua Tavares de Melo. Vários ramos de flores amarelas desciam do alto da mangueira, colorindo a copa verde.

Já decorreram mais de sessenta anos desde que me mudei para esta casa. Na época, também me encantei ao ver, pela mesma janela, a mesma árvore frondosa, só que com umas poucas ramadas amarelas, tipo parasitas. Fiquei preocupada pensando: pobre árvore, dentro em pouco estará destruída.

Os anos foram passando e, nesta época do ano, as flores apareciam só que, aos poucos, ia aumentando a quantidade. E a árvore continuava firme, contrariando a minha previsão. Este ano, então, desenhou uma linda cortina amarela. Contemplo-a todos os dias. Mas as flores foram diminuindo e hoje só consegui ver uma ramada amarela.

Fiquei refletindo: o Brasil é como esta árvore. Periodicamente acontecem fatos, desagradáveis, deletérios, prejudiciais, depredadores. Mas nada consegue destruir a Mãe Pátria. Ela volta com sua força, com sua verdura espalhada em ramos e tronco fortes, firmes para enfrentar qualquer adversidade e agressão. Assim, estamos passando por provações, desafios terríveis, mas novos tempos virão pelas virtudes herdadas de momentos íntegros de nossa História.

Outra reflexão que me veio à mente vinda deste mesmo retângulo que liga meu quarto à paisagem exterior. Uma lembrança. Minha mãe começou a passar mal, corremos para o hospital. Pressão 28. O médico aplicou uma injeção. A pressão foi a 0. Eu estava perto dela e a vi morta. O médico aplicou outra injeção e ela foi voltando. No dia seguinte estava já boa, em casa. Eu estava na cozinha e, de repente, ouvi os gritos aflitos de minha mãe me chamando: “– Vem cá! Vem cá! Depressa!!!” Minhas pernas bambearam supondo nova crise de pressão. Custei a conseguir sair do lugar e correr até ela. Encontrei-a nesta mesma janela citada acima com ar extasiado, mostrando o céu: “Veja depressa a beleza das cores do céu antes que o sol desapareça de todo!!!” Quase desmanchei no chão, mas aí já era de alívio...

Minha mãe era assim, sensível, encantada com a natureza humana e material das obras do Criador. E a nova reflexão que me veio foi a seguinte: o que está faltando para a situação do Brasil, do Mundo é esta sensibilidade. As pessoas estão muito ressequidas pelas dificuldades que enfrentam e grande parte pela ambição, a qual destrói os bons sentimentos de amor ao próximo e traz consigo a miséria, a injustiça, a violência.

Um exemplo: nestes últimos dias, um anúncio que fora colocado num site, por um homem de 24 anos, morador na região metropolitana de Belo Horizonte, em relação ao bebê seu filho: “Vendo lindo bebê com 10 dias de vida. Homem lindo, com saúde total e comprovada. Ótimo investimento. Valor a combinar.”

Preso, disse que havia feito apenas uma brincadeira. Verdade ou brincadeira, muito triste! Há coisas com que não se brinca. Um dos sinais da crise de sensibilidade.

O suprassumo da sensibilidade é o Amor. E o suprassumo do Amor é o que está no mandamento maior: “Amar ao próximo como a si mesmo.” A prática deste mandamento é a solução para todas as crises, porque, como disse Virgílio em Écloga X, 69:

Omnia vincit amor. (O amor vence todas as coisas)


Publicado no “Correio da Cidade” em princípio de abril de 2016.

LOUVANDO O ALLEX




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LOUVANDO O ALLEX
Avelina Maria Noronha de Almeida
avelinanoronhalmeida@gmail.com

DIA 21 DE ABRIL é uma data riquíssima de comemorações, de fatos acontecidos nessa data que marcaram a História de nossa Pátria. Mas vou falar mesmo é do Aniversário de Allex Assis Milagre.

Estou entre as pessoas que herdaram o seu espaço no Correio da Cidade. Espaço que ele honrou durante tanto tempo. Allex é uma personalidade da qual, quanto mais passa o tempo, mais sou admiradora. E sinto falta de sua ajuda de Mestre. Lembro-me do menino prodígio desde bem pequenininho, do jovem de inteligência rara e muito atuante na comunidade, do historiador e genealogista profundo e fértil, além de tantas mais qualidades importantes.

Há pouco tempo li, por acaso, algo que muito me impressionou e levou a meditar sobre um ângulo da vida deste grandioso ser humano. No Facebook, Álvaro Afonso Baeta Neves, pessoa possuidora de grande cultura, que sabe compartilhar seus importantes conhecimentos em postagens preciosas pela informação e beleza das ilustrações, e tem raízes em nossa cidade, postou o seguinte:

Temendo nunca concluir este trabalho, deixo estas achegas, para que se possa dar continuidade às pesquisas. Citação de “Allex Assis Milagre”, Historiador Milagre.

Deduzi logo que essa observação fora feita pelo nosso amigo quando enviou a Álvaro a Genealogia dos Baeta Neves que fizera, uma grande e detalhada obra. Vê-se que já estava prevendo que não lhe restava muito tempo de vida e muita coisa ficaria sem conclusão. Também que o pensamento principal dele era ajudar os estudiosos com o resultado de suas importantes pesquisas, trabalho de anos e anos nos alfarrábios e nos livros de igreja. Queria o sucesso dos estudos. Que grande alma!

Em outro trabalho feito por ele achei, em Portugal, até os avós de Joaquim Lourenço Baêta Neves, pai do Barão de Queluz. Utilizei como “ponto de apoio” as “achegas” do Allex, fui descendo pelo tempo até muitas gerações e, pelos sobrenomes que achava, cheguei ao Rio Grande do Sul. Comparando com os sobrenomes dos primeiros possuidores de terras em Queluz, registrados em meados do século XIX por ordem do Governador da Província de Minas Gerais, vi que nossa terra teve, como o maior número de colonizadores, açorianos que, vindos para o Rio de Janeiro, foram enviados para fundar a Colônia de Sacramento, às margens do Rio da Prata. Expulsos pelos espanhóis, foram para o Rio Grande (do Sul). No rush do ouro, subiram pelo caminho dos tropeiros como se carregassem um pedaço da terra gaúcha, vieram para Carijós e aqui se espalharam. Um genealogista que estuda os açorianos no Brasil disse-me que nossa terra é a que possui mais raízes açorianas. Muito mais que em outras cidades.

Outra “achega” de Allex: um papel que ele me passou há muito tempo no qual transcreveu um relatório feito pelo padre Américo Adolpho Taitson, a mando da Diocese de Mariana, para esclarecer a situação da capela da Passagem de Gagé no princípio do século XX. O relatório foi feito com muitas minúcias que não deixavam dúvida sobre a situação verdadeira. Com isso, ficou provado que o local era de Queluz e ainda ficaram esclarecidos fatos históricos que ajudam a confirmar a minha teoria de que a cidade de Conselheiro Lafaiete teve seu início na Passagem de Gagé.

Assim, graças aos “achegos” de Allex, que também deixou vasta, mas vasta obra mesmo pronta, a nossa cidade tem crescido no conhecimento de suas origens. Por isso me emocionou tanto a postagem do Facebook citada no princípio do artigo

Por tanto que nos beneficiou e ainda beneficia mesmo não estando entre nós, louvemos o Allex porque, como diz Sêneca nas Epistulae Morales 102:
Laudate dignos, honesta actio est. (Louvar os homens dignos é uma ação nobre)

Publicado no “Correio da Cidade” em abril de 2016.

UM BELO EVENTO DE CIDADANIA






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UM BELO EVENTO DE CIDADANIA
Avelina Maria Noronha de Almeida
avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

No dia 6 último ocorreu um importante evento, em homenagem aos Expedicionários Lafaietenses, pela passagem da data do final da Segunda Guerra Mundial, que sempre me emociona porque nunca esquecerei o momento belo e emocionante que vivi naquele dia, em 1945. Como poderia esquecer? O Repórter Esso, na voz emocionada de Herón Domingues, proclamava pelo rádio: “TERMINOU A GUERRA!!! TERMINOU A GERRA!!!”

Na Praça da Bandeira, junto ao Monumento do Expedicionário, foi executado o PROJETO “DIA DA VITÓRIA E HOMENAGEM AOS EX-COMBATENTES DE CONSELHEIRO LAFAIETE”, uma realização da Escola Municipal “Napoleão Reis”, existente desde 2012, iniciado na direção da professora Marise Santana de Resende, tendo como criadores e executores: Professor Dr. Sheldon Augusto, Professora Marta Glória Barbosa e Coordenadora Educacional Cláudia Assis, contando com o apoio da direção, do corpo docente e dos funcionários, todos imbuídos de alto espírito cívico.

O embrião do Projeto nasceu dentro do Arquivo Histórico Antônio Perdigão com o professor Sheldon, na época em que ele tratava dos jornais da cidade, após a leitura de um artigo meu sobre o Dia da Vitória, em 1945, onde relatei a emoção após ouvir o anúncio do Repórter Esso, acima mencionado.

Posteriormente, realizou-se uma reunião em minha casa com Sheldon, Cláudia e o acompanhamento de Marta Glória. Ao longo de cinco anos esse Projeto amadureceu, foi evoluindo a cada ano até chegar ao maravilhoso evento que citei no início, agora com o apoio do atual Diretor Luiz Rafael Vitoretti e do Vice-Diretor Mário Ribeiro de Oliveira, que, com grande capacidade empreendedora e abertura de espírito, forneceram todas as condições e possibilidades para que a cerimônia se realizasse com organização e sucesso, permitindo a continuidade e a ampliação de tão importante Projeto.

Este ano, os organizadores entraram em contato com a Banda da Polícia Militar de Barbacena para abrilhantar o momento com o seu repertório musical e organizaram um coral com alunos do Ensino Médio e integrantes do Tiro de Guerra. O Projeto teve grande acolhimento e apoio das famílias dos ex-combatentes, bem como da Administração Municipal, do Corpo de Bombeiros e de outros órgãos. A cerimônia teve a presença valiosa do Ex-Combatente da FEB, Sr. João Fortunato, que foi muito homenageado, e do Quarto Esquadrão de Cavalaria Mecanizada de Santos Dumont.

Houve um momento de grande beleza artística com a apresentação dos tenores Sheldon e Euler Márcio Chaves, que cantaram “Mia Gioconda”, marca da presença dos brasileiros na Itália, e que ainda emociona os que preservam a memória do acontecimento histórico.

Os familiares dos heróicos lafaietenses ofereceram linda coroa de flores, ao Toque de Silêncio executado pelo Sr. Wolney Severo Juliano. Autoridades e pessoas ilustres da cidade e de outras localidades prestigiaram a homenagem, tendo vários oradores se manifestado. Coroando o evento, foi anunciado que o Sr. Prefeito, Dr. Ivar Cerqueira, encaminhará à Câmara Municipal um Projeto de Lei para integrar ao calendário oficial de eventos do Município a iniciativa da Escola Municipal Napoleão Reis. Foi tudo muito emocionante e fico feliz em ver que nossa cidade cultua os seus heróis pois, como disse Sêneca...

...Laudare dignos, honesta actio est. (Louvar os homens dignos é uma ação nobre)


Publicado no Correio da Cidade em maio de 2016.


PELOS TRILHOS DA CENTRAL DO BRASIL




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PELOS TRILHOS DA CENTRAL DO BRASIL

Avelina Maria Noronha de Almeida avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

Levadas pelos trilhos da Central do Brasil, Queluz e Conselheiro Lafaiete entraram de forma essencialmente importante na História do Mundo, pois fizeram parte efetiva na conquista da Paz Mundial no Século XX. Também por esses trilhos valores humanos foram o honrar e engrandecer o nome de sua Terra Natal.

Sabe-se bem da participação dos 63 lafaietenses em campos de batalha como integrantes da FEB, contribuindo com atuação corajosa, decisiva e heróica para a vitória aliada em importantes batalhas; das oficinas da Santa Matilde saiu um tanque e, com o dinheiro aqui arrecadado, Conselheiro Lafaiete doou um avião para a Cruz Vermelha.

Também é conhecido que, naquela época, a jazida de manganês do Morro da Mina, então considerada a maior mina de manganês a céu aberto do mundo, foi a única jazida do Ocidente a fornecer esse minério ao esforço de guerra aliado na Segunda Guerra Mundial, com o qual eram feitos tanques, armamentos e outras coisas necessárias para a luta. Tudo isso passou pelos trilhos da Central do Brasil aqui estendidos.

Entretanto, nem tão conhecidos são os fatos da participação de nossa terra, Queluz, na Primeira Guerra Mundial, que aconteceu de 1914 a 1918. Nos jornais da época, aqui publicados, encontram-se notícias a respeito, mas vou focalizar apenas dois, muito importantes: também todo o manganês utilizado pelos aliados naquele terrível conflito saíu do nosso Morro da Mina e foi embarcado para os Estados Unidos. Era a nossa riqueza natural a serviço da Paz Mundial.

Mas houve outra riqueza: um valor humano importantíssimo para a história mundial e que nasceu em nossa terra. Um nome que não sei se alguém daqui conhece. Eu, pelo menos, até há pouco tempo não conhecia: Dr. Luiz Felipe Baeta Neves.

Por um acaso, buscando informação genealógica, achei num site muita coisa sobre esse conterrâneo nosso, nascido em Queluz a 25 de outubro de 1865, filho de Dr. José Joaquim Baeta Neves e D. Lamásia Baeta Neves, formado aos 19 anos de idade em Direito e, treze anos depois, em Farmácia e Medicina. De acordo com a informação, era dotado de extrema bondade e de um espírito científico com grande amor à Humanidade, tendo sido – vejam só que importante! – o primeiro cirurgião a realizar prosta-tecnomia e a aplicar radium no tratamento do câncer.

Em 1918 deixou sua clientela e partiu para prestar ajuda no anfiteatro da guerra, naquele momento difícil para o mundo, como tenente-coronel subchefe da Missão Médica Brasileira. A bordo do navio que o levava para a França, desencadeou-se uma epidemia de gripe e peste bubônica. Ele foi incansável, atuando como médico e enfermeiro, conseguindo que a epidemia cedesse.

No front, as tropas francesas, inglesas e norte-americanas testemunharam a sua dedicação e seus serviços levaram o governo francês a conferir-lhe a condecoração máxima: da Legião de Honra. Quando de seu falecimento, um jornal francês publicou um extenso necrológio no qual diz: “O Brasil acaba de perder um homem, a França, um amigo.”

Entre muitas importantes honrarias, em São Paulo é nome de extenso bairro, de rua, de escola e considerado como tendo “contribuído para a grandeza de São Paulo”.
Merecia ter seu nome em uma rua de nossa cidade, não acham?

Dr. Luiz Felipe Baeta Neves é um exemplo desta sentença latina:
Laborum aedificat. (O trabalho edifica)

Publicado em fins de maio de 2016 no "Correio da Cidade".




SINFONIA DE LAFAIETE







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SINFONIA DE LAFAIETE
Avelina Maria Noronha de Almeida
avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

Na novela “Eta mundo Bom!” a personagem Eponina, vivendo sempre na fazenda, por determinadas circunstâncias tem que ficar hospedada em uma casa na cidade. Como era tudo diferente em relação ao que estava acostumada, teve alguma dificuldade em se adaptar à nova realidade. Num dos comentários em que manifestou seu desagrado dizia que preferia acordar com o canto dos galos do que com as buzinas dos carros.

A novela se passa nos anos 40 do século XX, quando a diferença entre o meio rural e o meio urbano era bem acentuado, porém mesmo hoje ainda há muita diversidade. Essa passagem da novela me levou a pensar: Conselheiro Lafaiete é uma cidade interessante. Muito eclética e com variedade de aspectos em vários sentidos e que conserva sons comuns no passado, de outros tempos em que era uma pequena cidade ainda com ares do seu início construído sobre uma tradição rural.

Moro bem no centro da cidade, mas de madrugada ouço mais ou menos perto o canto cristalino de um galo. Realmente Eponina tem razão: é lindo! Logo em seguida outro galo responde longe... um pouco longe... lá dos lados da Santa Efigênia. E por um tempo prossegue o musical diálogo. Mas pouco depois ouço também o barulho nada musical dos carros que, antes de amanhecer, já passam levando pessoas para o trabalho na Gerdau ou em outras empresas em cidades vizinhas.

Já de pé, chego à janela da frente e ouço passarinhos gorjeando alegremente nas árvores que ladeiam a Casa da Cultura “Gabriella Mendonça”. Há época em que eles somem, porém logo voltam.

Por coincidência, à tarde, estando com uma visita na sala que dá para a rua, a visitante me chama a atenção para o trote de um cavalo passando na rua, estranhando isso no centro de uma cidade que já não é mais pequena. Explico que acontece sempre, nesta minha rua bem no coração da cidade. Não é interessante?

Depois, de tardinha, bateu o sino do Angelus, da mesma forma que batia no século XVIII, quando as pessoas no Largo da Matriz, em outros lugares próximos ou dentro de suas casas se ajoelhavam para rezar. Também os cavaleiros, quando naquela hora passavam por perto, desciam de seus cavalos, ajoelhavam-se no chão, persignavam-se e oravam.

E como ar “estava parado”, pouco depois, do meu quarto, ouvi o barulho da locomotiva que, passava na travessia, lançando nos ares seu apito de despedida, igualzinho acontecia no passado.

Continuei pensando nessa especialidade de nossa terra e aí veio um sonho: temos tão geniais compositores aqui, neste tempo de agora, quem sabe um deles resolve fazer uma “Sinfonia de Lafaiete”. Em 1924, George Gershwin compôs a sua maravilhosa “Rhapsody in Blue”, na qual descreve tão bem, com grande arte e sensibilidade, o espírito de Nova York, sua cidade natal. Quem sabe teremos um dia a nossa sinfonia?

E vamos procurar ouvir melhor os sons do dia a dia para extrair deles a sua beleza porque, porque, ouvindo com o coração...
... magis atque magis clarescunt sonitus. ( ...os ruídos se tornam cada vez mais nítidos)


Publicado no Correio da Cidade no início de junho de 2016

CAROS LEITORES: ESTOU PASMA!







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CAROS LEITORES: ESTOU PASMA!

Avelina Maria Noronha de Almeida
avelinaconselheirolafaiete@gmail.com


Caros leitores: estou pasma! Horrorizada mesmo! Até que ponto chegamos!

Uma das datas importante que temos no mês de abril é, no dia 22, o aniversário do descobrimento do Brasil. Fiz uma pesquisa na Internet em jornais procurando uma notícia, apenas uma, de uma comemoração da data. Achei, nas imagens do dia, notícias de coluna de fogo e fumaça se erguendo no local de um incêndio num centro de armazenamento de produtos químicos na província de Jiangsu no leste da China; de que a saída de dólares no Brasil supera a entrada em US$ 5997 bi no ano até dia 22 de abril, da comemoração do Dia da Terra (mas não é de nossa terra, o Brasil); que a lua do dia 22 de abril deu um show no céu; e daí por diante uma série de notícias...

Mas nenhuma se referindo ao descobrimento do Brasil, ao aniversário de nossa Pátria, ao dia em que ela nasceu. Não é frequente festejar-se o aniversário de parentes ou amigos? Será que os brasileiros não consideram o Brasil um parente ou um amigo, mas sim um ser estranho do qual estamos desligados?

Se esta indiferença fosse apenas num ou noutro lugar, porém parece geral num País tão grande!!!... Por essa situação pela qual passamos, de terrível crise, como podemos nos admirar da falta de cidadania que varre o nosso solo? Será que não amamos o Brasil? Essa indiferença sentimental começou há muitas décadas e a cada década vai se acentuando mais.

Entretanto, não vamos perder as esperanças. Vamos é ver o que podemos fazer pelo Brasil. Quanto ao aniversário dele já estou planejando a minha parte para o ano que vem.

No início de nossa História Pátria há um episódio muito bonito. O rei Dom Manuel mandou celebrar uma solene Missa no Mosteiro dos Jerônimos, em Lisboa, após a qual fez benzer uma bandeira com as armas do Reino, entregando-a nas mãos de Pedro Álvares Cabral, comandante da expedição com destino às Índias. Um pomposo séquito acompanhou o navegante até o cais. Antes de subir à nau capitânia, Cabral beijou reverentemente a mão de El-Rei e subiu no tombadilho. Imediatamente se dirigiu à imagem de Nossa Senhora da Esperança que pouco antes lhe entregara El-Rei como padroeira da expedição. Beijou os pés da imagem implorando proteção e êxito na viagem.

O resto já se sabe. Os ventos trouxeram as treze caravelas, com um contingente de 1.500 homens, à Terra de Santa Cruz. E quando Cabral desceu em nosso solo trazia nos braços a imagem de Nossa Senhora da Esperança que lhe dera El-Rei de Portugal. A mesma imagem que, no dia 26 de maio daquele ano de 1.500, um domingo, na Missa celebrada na praia da Coroa Vermelha, litoral sul da Bahia, por Frei Henrique de Coimbra, estava colocada no altar da celebração.

Que Nossa Senhora da Esperança, presente desde os primeiros momentos na vida do Brasil, desperte novas forças em nosso povo trazendo a esperança de que, se cada um fizer bem a sua parte, a nossa Pátria poderá ver melhores dias. Ajudai-nos a realizar este desejo, Virgem Maria...
...dulcedo et spes nostra!(doçura e esperança nossa!)

Publicado no "Correio da Cidade" em abril de 2016.


A PITORESCA HISTÓRIA DOS PORCOS







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A PITORESCA HISTÓRIA DOS PORCOS

Avelina Maria Noronha de Almeida
avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

Hoje vou falar de um assunto do qual nunca escrevi: Política. Mas não é da política confusa do nosso Brasil, na qual os partidos se confundem, multiplicam-se e, no fim, a gente não entende nada.

Vou contar é um caso da antiga Queluz, quando os porcos levaram à formação de um grande, poderoso e aguerrido partido, provocando a cisão do eleitorado da cidade, até então unido. Devido a essa separação, várias lutas renhidas e campanhas inflamadas aconteceram a partir daí. Já pensaram que porcos poderosos???...

O caso foi o seguinte: duas pessoas de grande valor, muito estimadas pela população, faleceram devido à febre amarela que grassava em Queluz, o que causou, além de muita comoção pela perda dessas pessoas, um verdadeiro pavor pelo perigo que a doença representava para todos. O pânico se estabeleceu na cidade. Foi convocada e se reuniu, imediatamente, a Câmara Municipal, para ver o que poderia fazer para proteger a população. Foi nomeada uma comissão para estudar o caso.

A comissão propôs, como medida principal, a retirada, em 24 horas, de todos os porcos da cidade, pois poderiam ser vetores da doença. Acontece que, naquele tempo, muitas pessoas importantes que aqui residiam, até mesmo alguns vereadores, eram fazendeiros e tinham na cidade seus chiqueiros. Havia muito mais de mil porcos em Queluz naquela época! O tempo era exíguo. Aí pessoas de liderança na cidade que se sentiam prejudicados com a medida convocaram o povo em massa para irem à casa do presidente da Câmara, Dr, José Caetano da Silva Campolina. E cada um foi levando seu guarda-chuva, sua bengala e qualquer outra coisa que servisse de arma, como disse um jornal antigo: “como demonstração de seus intuitos ordeiros e pacíficos”...

Com muita gentileza, como era seu costume, Dr. Campolina atendeu aos queixosos, porém disse que não poderia resolver sozinho, iria consultar a Câmara, mas iria esforçar-se para atender os desejos do povo, só que os vereadores não indeferiram o pedido. Houve forte altercação entre um dos queixosos e um vereador, e o primeiro falou que os companheiros estavam dispostos a reagir à mão armada. Acabou sendo dado o prazo de mais oito dias. Preocupado, o Dr. Tavares de Mello foi a Ouro Preto e voltou com uma força de 22 praças. Acabado o novo prazo, a situação estava difícil, porém o Dr. Campolina, usando artimanha política, foi enrolando, enrolando o cumprimento da medida e, nesse ínterim, a febre acabou. E os porcos ficaram... Dias depois houve a eleição para deputados estaduais e os eleitores defensores dos porcos criaram um partido contra a chapa que eles chamaram de CHAPA DE FERRO... e ganharam a eleição graças ao episódio dos porcos.

São fatos que o conhecimento do passado nos revela, e é sempre conhecer a História porque...
...Historia est magistra vitae. (A História é a mestra da vida)


Publicado em junho de 2016 no "Correio da Cidade".