terça-feira, 7 de maio de 2013

PÉS DESCALÇOS







 pÉS DESCALÇOS
                                                                       Avelina Maria Noronha de Almeida

            Você, que me lê, conseguiria passar um dia inteiro descalço? Levantar-se de manhã, deixar de lado o chinelo, sair de casa para estudar, trabalhar ou para outra atividade sem nem ter olhado para o sapato? Ir com os pés desguarnecidos até o carro, a bicicleta, a motocicleta, o ônibus? Ou palmilhar dessa maneira passeios ou calçadas? Assim passar o dia inteiro, estivesse onde estivesse?
            Difícil, não é? Imagine um operário, um engenheiro trabalhando nos diversos tipos de obras, em uma mineração, por exemplo, pisando em cascalhos, em pedrinhas pontiagudas... Difícil, praticamente impossível, não só desconfortável como também perigoso.
            Pois foi isso que, em 2006, propôs o humanitário senhor Blake Mycoskie, um viajante americano que, fazendo amizade com as crianças de um vilarejo argentino, ficou condoído por constatar que elas não tinham sapatos que protegessem seus pezinhos que, descalçados, ficavam expostos não só a machucados como também a infecções e outras moléstias, além de afetar sua autoestima. Também percebeu que muitas crianças de outros lugares da Argentina nunca haviam tido um sapato. Creio que, daí, pensou também no que devia acontecer pelo mundo, principalmente em vários lugares de países subdesenvolvidos.
            Blake convocou o mundo todo para aderir ao evento “Um Dia Sem Sapatos”. As pessoas sentiriam, em si próprias, o que era andar um dia inteiro sem sapatos. Mas não ficou apenas nesse gesto espetacular. Passou também à ação. Criou a empresa TOMS, com o objetivo de, para cada par de sapatos que vendesse em países desenvolvidos, doar outro para crianças de países subdesenvolvidos, dando o nome à atividade de “One for One”.
            Vejam o que ele diz quanto ao desenvolvimento de seu projeto: "É comovente pensar que o evento  ‘Um Dia Sem Sapatos’ começou no campus de uma universidade há seis anos e hoje há milhares de participantes em todo o mundo. Una-se a nós nesse dia especial – tire os sapatos e chame a atenção para tantas crianças que não têm escolha e saem sem sapatos todos os dias".
Em Lisboa foi fundada, com o mesmo objetivo da TOMS, no ano passado, a associação GaSNova angariando sapatos para Moçambique e Cabo Verde e muito bem organizada pois, a cada par oferecido é associado um número de registro que irá permitir ao doador saber onde entregaram o calçado. Naquele ano, os lisboetas foram convidados a uma caminhada pela Rua Augusta, sem sapatos, em solidariedade às crianças descalças.
            Eventos de adeptos dos ideais de Blake ocorreram, no último 16 de abril em várias cidades do mundo, como Nova York, Los Angeles, Toronto, Londres, Amsterdã, Seul e Tóquio, entre outras. Atualmente contam-se em muitos milhares os participantes e mais de um milhão os pares de sapatos doados.
            Alunos do Colégio Santo Agostinho, de Contagem, há três anos aderiram à Campanha, mobilizando as pessoas e doando os sapatos arrecadados para entidades assistenciais de Contagem, Ibirité e Belo Horizonte.
            Um site na Internet colocou a frase: “Vista essa ideia e tire seu sapato!” Pensei: o que posso fazer? Muito pouco, porque quase não piso no chão, mas, pelo menos escrevi este artigo descalça.
            Para essas pessoas sensíveis, que ajudam a diminuir o sofrimento de tantas crianças pelo mundo, dedico, como homenagem, a frase latina:
           Ubi caritas et amor, Deus ibi est.( Onde há caridade e amor, Deus está lá)


DEUS SALVE A AMÉRICA!



Imagem da Internet 



DEUS SALVE A AMÉRICA!
                                    Avelina Maria Noronha de Almeida
                                                                                                         

O dia 12 de outubro tem, entre outras datas comemorativas, duas merecidamente bem comemoradas, com carinho e grandes manifestações: o Dia da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, e o Dia das Crianças. Mas existe uma que anda um pouco esquecida: a do Descobrimento da América, em 1492, por Cristóvão Colombo.
No meu tempo de estudante, era uma data muito festejada. Isso em meados do século XX. Havia auditório comemorativo ressaltando a figura de Cristóvão Colombo, poesias ou dramatizações sobre os países americanos e não podia faltar o hino “Deus Salve a América!” bem ensaiado nas aulas de Canto, que eram duas por semana. Hoje em dia, creio que poucos conheçam ou se lembrem dele.
 De autoria de Irving Berlin, era uma música patriótica americana que foi largamente difundida no Brasil e aqui cantada como um hino de todas as Américas, pedindo a Deus paz e bênção para esta parte do mundo. No anfiteatro da Segunda Guerra Mundial, costumava ser cantada, com emoção, por soldados americanos e brasileiros em conjunto. A melodia é muito bonita e inflamada, e a letra de grande simplicidade porém muito bela.
“Quando nuvens negras,/ Como um negro véu,/ Descem sobre as serras/ empanando o céu,/
Ouve-se uma prece/ Dessa gente audaz, Que não teme as guerras,/ Mas deseja a paz!
Deus salve a América!/ Terra de amor! Verdes mares, florestas/ Lindos campos abertos em flor.”
Berço amigo,/Da bonança,/Da esperança/ no altar.../ Deus Salve a América!/ Meu céu! Meu lar!
Nas aulas de Inglês cantávamos:
“God bless America,/ Land that I love” e ia assim por diante…
Talvez eu tenha exagerado no meu saudosismo, mas pensando bem,  somos parte do Continente Americano e devemos nos identificar com ele e dar valor às suas efemérides.
A América, cujo nome é uma homenagem ao navegador italiano Américo Vespúcio, compõe-se de duas massas de dimensões continentais ligadas pelo istmo do Panamá, que tem mais de 80 quilômetros de largura. Ali foi construído um canal – Canal de Panamá – para ligar o Oceano Atlântico ao Pacífico.
Assim estamos todos os países americanos em um único bloco de terra, pois o canal é uma construção artificial. A OEA, organismo fundado em 30 de abril de 1948, une os países americanos para defender os interesses do continente, buscando promover a paz e o desenvolvimento econômico, social e cultural por meio da cooperação mútua.
Como seria bom que voltássemos àqueles tempos da “aurora da minha vida”, nos quais um clima de identidade e afetividade unia os países do nosso continente!
E em tempos em que sombras ameaçadoras, e mesmo destruidoras, perturbam o mundo, bem precisamos levantar a voz num verso do hino que tanto cantávamos antigamente: “DEUS SALVE A AMÉRICA!”, pedindo ao Todo Poderoso paz e bênção, principalmente proteção.
Agora, quanto a essas mudanças que ocorreram com o passar dos tempos, temos que reconhecer que isso faz parte da vida, muitas vezes infelizmente. Como dizia o filósofo Heráclito de Éfeso (535-475 a.C.):
“Tempora mutantur et nos mutamur in illis.” (O tempo muda e nós mudamos com ele)