sábado, 17 de maio de 2014

LAÇOS ENTRE O PASSADO E O PRESENTE







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LAÇOS ENTRE O PASSADO E O PRESENTE

Avelina Maria Noronha de Almeida




Eu era menina e tenho viva lembrança de quando um senhor jovem, residente fora de nossa cidade, sempre que vinha em visita a Conselheiro Lafaiete ia lá em casa em visita a meu pai. Num espaçoso cômodo, cheio de prateleiras não só colocadas na parede, mas, também, no meio dele. Lá Jair Noronha tinha uma imensidade de papéis, revistas, livros, fotografias, um bom acervo que ia aumentando dia a dia.

Esse senhor dizia que estava organizando um museu no Rio de Janeiro, para onde se mudara na década de quarenta. A temática da instituição era a nossa cidade. De cada vez que vinha saía lá de casa com farto material presenteado por meu pai. Também procurava outras pessoas. Muitas cooperaram com ele, acreditando no seu ideal.

Foi passando o tempo e, de repente, chega esse lafaietense colecionador em Lafaiete, trazendo um presente maravilhoso para nós. Já devem ter descoberto quem é ele e qual era o presente: Antônio Luiz Perdigão Baptista e o Museu e Biblioteca Antônio Perdigão – Arquivo da Cidade, cujo nome era uma homenagem ao avô de Perdigão.

Já formado em Contabilidade na terra natal, Perdigão formou-se como museólogo no Museu Imperial de Petrópolis e no arquivo nacional do Rio de Janeiro, e como Professor de História. Com essa bagagem intelectual, veio enriquecer a Cultura Lafaietense. O precioso material não ficou só entre paredes. Foi às escolas, revelou-se em jornais, enfim, revelou-se de maneira ampla e sábia.

O museu iniciou suas atividades na Rua Assis Andrade, no Bairro do Rosário, indo, depois para a Rua Afonso Pena, até se instalar na Praça Tiradentes, no prédio da antiga cadeia pública.

Dia 18 deste mês comemora-se o Dia Internacional dos Museus. O tema da Semana dos Museus em 1914 é Museus: as coleções criam conexões. É um tema muito rico, significando que os museus criam vínculos vivos entre os visitantes, as gerações que ali pulsam nos documentos e nos objetos do acervo e os cultores da História e da Genealogia de um povo.

Nossa terra, através da Secretaria da Cultura, da Direção e dos funcionários do Museu, tem dado, todos os anos, muita ênfase na celebração da data. Em 2014 estão sendo preparados eventos e atividades que, certamente, atrairão muitos visitantes, os quais ali encontrarão belas atrações e lições sobre os caminhos que percorreu a nossa História e as marcas que ficaram pelo caminho.

Nossos louvores ao Antônio Perdigão, de saudosa memória, e nossos aplausos aos que têm trabalhado pela preservação da instituição que ele criou, reforçando os laços entre o passado e o presente, entre Carijós, Queluz e Conselheiro Lafaiete!

Quem não teve a felicidade de conhecer Antônio Perdigão, vá ao Museu, encante-se com seu acervo e sairá de lá com uma bela visão de seu criador, porque...

...A fructibus eorum cognoscetis eos. Pelos frutos se conhece a árvore.





MOSAICO DE COMEMORAÇÕES





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MOSAICO DE COMEMORAÇÕES

Avelina Maria Noronha de Almeida



Abril é um mês de muitas comemorações importantes. Entre elas, vamos escolher algumas que estão mais próximas desta edição do jornal.

Começamos com o dia 19, Dia do Índio, e temos que lembrar os pacíficos índios Carijós, que aqui chegaram pensando que nossa terra, de tão linda natureza, fosse a “Terra Sem Males” que procuravam encontrar. Quando desapareceram, exterminados pelas doenças, por homens brancos que queriam suas mulheres ou na época da fome no princípio do século XVIII, não sumiram de todo, porque o sangue deles ficou na forte miscigenação, principalmente com os portugueses. Ficaram na raiz da nossa genealogia, da nossa raça especial formada em Carijós, continuada em Queluz e presente em Conselheiro Lafaiete. Não podemos também esquecer os índios Puris, que aqui chegaram num segundo tempo, trazidos como escravos pelos fazendeiros e depois, também pela miscigenação, passaram a fazer parte da nova raça.

Embora atualmente nem conste da lista de datas comemorativos, temos o aniversário de nascimento de Getúlio Dornelles Vargas, que nasceu no dia 19 de abril de 1882, em São Borja, no Rio Grande do Sul, e faleceu, no Rio de Janeiro, em 24 de agosto de 1954. Advogado e político brasileiro, líder civil da Revolução de 1930, foi presidente do Brasil de 1930 até 1945, depois, eleito, por voto direto, por 3 anos e meio: de 31 de janeiro de 1951 até 24 de agosto de 1954. Criou muitas leis sociais e trabalhistas brasileiras, que muito ajudaram os operários e, olhem bem, ainda hoje ajudam muito. Inclusive é considerado como o mais importante presidente do Brasil. No meu tempo de curso primário, as celebrações desse aniversário eram revestidas de muito brilho.

Coisas que passaram...

Dia 21, quanta coisa! Tiradentes, o protomártir da Inconfidência, foi executado nessa data, em 1792. Herói Nacional, é o Patrono Cívico de Brasil e também Patrono das Polícias Militares dos Estados. De seu corpo esquartejado, deixaram dois membros em nossa terra, e sua cabeça foi salgada em Queluz, num arranchamento da Rua Direita, hoje Rua Comendador Baêta Neves.

Outro aniversário no dia 21: da Inauguração de Brasília, em 1960, como nova capital do Brasil, uma das mais belas e a mais moderna cidade do Brasil.
Dia 22 chegaram ao Brasil as 13 caravelas portuguesas lideradas por Pedro Álvares Cabral. É a inauguração do nosso País na História Mundial.

Deixamos por último uma data revestida de saudade, voltando ao 21 de abril, marcando o nascimento de Allex Assis Milagres, o grande e inesquecível articulista desta coluna em tempos passados, de cultura invejável, quase incrível de tão grande; notável historiador de toda esta nossa região, que, apesar da pouca idade quando de seu falecimento, deixou uma obra vasta e profunda. Um ser humano que deixou um rastro luminoso marcando a sua passagem pela terra. Lágrimas saudosas para o Allex!

Por termos tido Allex junto a nós, agradeçamos ao Senhor!

Deo gratias!




UM HOMEM ESCREVE NA AREIA









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UM HOMEM ESCREVE NA AREIA

Avelina Maria Noronha de Almeida
avelinaconselheirolafaiete@gmail.com



Um homem, com seu burel marrom de jesuíta, escreve na areia. As ondas, com suas espumas brancas, ondeiam suavemente. Uns pássaros delineiam seus voos com graciosidade, enquanto outros, tranquilos, rodeiam o religioso. Este é um quadro célebre do pintor Benedito Calixto. O quadro de tanta beleza mostra o Santo José de Anchieta, refém, por sua própria oferta, dos indígenas no litoral brasileiro, enquanto Nóbrega ia negociar a paz. O santo, canonizado dia 5 de abril deste ano, escreve na areia “Poema à Virgem”, que sua prodigiosa memória decorou e transpôs depois para o papel.

Anchieta, espanhol nascido em Tenerife, nas Ilhas Canárias, em março de 1534, no século XVI passou grande parte de sua vida no Brasil, aqui falecendo na cidade de Reritiba, no Espírito Santo, que hoje leva seu nome, em 1597 Para ser canonizado, foi dispensada a comprovação de milagres e considerados relatos de milagres acontecidos em mais de 400 anos referendados pela tradição. A justificação apresentada para a elevação aos altares daquele que já fora beatificado e é chamado “O Apóstolo do Brasil” foi o seu trabalho missionário aqui, principalmente pela catequização de índios no período da colonização e também pela fundação de missões jesuítas em várias partes da Colônia. O decreto de canonização reconhece a grandeza do missionário, colocando seu testemunho como exemplo para os cristãos de todo o mundo.

Em Magé, Rio de Janeiro, as águas de uma fonte que foi abençoada por ele e hoje é chamada “A Fonte de São José” e, tendo fama de curativa e sendo grande atração de turismo religioso.

Muito pertinentes as palavras do coordenador de Pastoral da Arquidiocese de São Paulo, Tarcísio Marques Mesquita: “O próprio Papa Francisco diz que a gente tem que ser uma igreja em saída. Anchieta nos lembra isso. Um homem que vai em busca, ele foi ao encontro dos indígenas, conhecer a linguagem deles, conversar na língua deles. Formulou a gramática da língua tupi. Foi um homem interessado em evangelizar levando em conta cultura daquela gente, respeitando a cultura e os valores daquelas pessoas”.

Pelo visto, São José Anchieta, que escreveu um poema na areia, escreveu também uma mensagem indestrutível nas páginas da história e deixou, além de tudo, um belo exemplo, o que é importante porque...

... Exempla movent magis quam verba. ( Osexemplos movem mais do que as palavras)