terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

AQUELES HOMENS INSUBSTITUÍVEIS









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AQUELES HOMENS INSUBSTITUÍVEIS

Avelina Maria Noronha de Almeida




Muito se tem dito na mídia, recentemente, que Chico Anísio desmente a velha máxima “Ninguém é insubstituível”. Acompanhando o que se tem veiculado sobre a vida e a obra do notável humorista, tenho que concordar que ele é uma dessas pessoas que nunca encontrarão quem realize com tal maestria tudo o que ele fez.

Daqui a alguns meses veremos, para coroar o que se conhece de sua obra, um trabalho inédito, não do humorista, mas do ator dramático Chico Anísio, como o Major Consilva, personagem que ele representa no filme “A hora e a vez de Augusto Matraga”, baseado no conto de Guimarães Rosa. Seu papel é de um homem do sertão, rude, mau, tirânico. Com a força de seu desempenho, o pranteado ator conquistou o prêmio especial do júri do Festival do Rio.

Numa apresentação jornalística em que foi apresentado um trecho do filme, a reportagem é encerrada com Chico Anísio dizendo, pela fala de seu personagem: “Eu sou da raça de homens diferente da normal”. Vamos fazer também assim e separar a frase da personalidade do major e do contexto cinematográfico, dedicando-a, livre de todo o significado anterior, ao grande homem que, reentemente, encerrou sua trajetória terrestre, trocando o ponto final por dois pontos e completando: insubstituíveis.

Vou lembrar dois vultos também insubstituíveis em nossa terra.

Um deles, Conselheiro Lafayette Rodrigues Pereira que, felizmente, agora já está ficando bem conhecido na cidade da qual é patrono. Basta para demonstrar o que estou dizendo o depoimento do notável jornalista, jurista e magistrado Edmundo Lins, naturalmente com mais autoridade do que eu:

“Ele não teve quem o excedesse, pensam muitos, ou quem com ele se ombreasse, penso eu. Não lhe conferiu essa primazia unicamente a sua inteligência de rara agudeza, mas em grande parte a sua cultura filosófica e literária, que os seus êmulos não tiveram.”

E a outra é o nosso ilustre Allex Assis Milagre, cuja obra é de tal vastidão que não se pode avaliá-la em toda a sua amplitude. Ninguém até hoje realizou em nossa cidade, e não vejo no horizonte quem poderá realizar, um trabalho tão profundo, meticuloso, grandioso e documentado dos fatos históricos, principalmente religiosos, e da genealogia de nossa região.

Três personalidades que souberam marcar com brilho sua trajetória, acrescentando valor à terra onde viveram, trabalharam e venceram. Pelo seu exemplo de cidadania, traduzem o que diz a frase latina:

“Ab uno disce omnes”. (Pelas qualidades de um indivíduo podem ser avaliadas as qualidades de um povo)