FÉ E CIÊNCIA
Avelina Maria Noronha de
Almeida
avelinaconselheirolafaiete@gmail.com
No ano passado, o cardeal italiano
Dom Zenon Grocholewski, expressando-se sobre a Fé em uma homilia no Santuário
do Pai Eterno, em Trindade, Goiás, o faz de uma forma belíssima:
“A Fé é como a noite, uma noite
escura iluminada de estrelas. Mas não é verdade que a durante a noite se vê
menos? Não é verdade que à noite se vê menos. Ao contrário. Durante a noite se
vê muito mais. Durante o dia, sim, vemos muito mais claramente, mais
precisamente. Porém vemos pouco; vemos somente o que nos circunda. Nosso campo
visual é mui limitado. Durante a noite certamente vemos com menor claridade,
com menos precisão, porém vemos mais plenamente, mais longe, vemos as estrelas
que estão afastada de nós milhões de anos luz.”
Dizem que não somos do tamanho da
nossa altura, mas do tamanho do que vemos. Pois esse cardeal disse que, mirando
as estrelas, sentia-se grande, que a vida dele não estava limitada à realidade
terrena, mas, sim, “incrustada em um fascinante, encantador e imenso Universo”.
Lembrei-me dessas palavras vendo
diversas imagens captadas pelo Telescópio Espacial Hubble, um satélite
astronômico artificial que transporta um grande telescópio lançado pela NASA em
1990. As visões e informações que ele nos traz são fascinantes. Por exemplo, a
Nebulosa de Orion com a luz vermelha indicando a emissão por nitrogênio; a luz
verde, por hidrogênio; e a azul por oxigênio. A Nebulosa do Cisne é vista como
um oceano de hidrogênio com pequenas quantidades de oxigênio, enxofre e outros
elementos.
E veio ao meu pensamento uma
associação entre a Fé e o Telescópio Hubble. Santo Tomás de Aquino nos fala de
cinco vias para se provar a existência de Deus. E a que vem agora ao caso é a
Quinta Via, segundo a qual a ordem sempre remete a um Sapientíssimo Planejador
e Ordenador, um Organizador sumamente inteligente, de admirável sabedoria
formando uma unidade sábia, harmônica e bela. Imaginem só, numa lonjura de
muitos milhares, milhões de anos luz vislumbramos as mesmas cores, estão os
mesmos elementos químicos encontrados em nosso mundo pequeno diante da
grandiosidade de outros corpos celestes, numa correlação em que se
conjugam as mesmas leis, encadeados num
conjunto de causa e efeito, obedecendo a um plano que faz da Criação uma
incrível e admirável unidade. Um cientista ex-ateu, Scheleich, fez o seguinte
depoimento: “Tornei-me religioso por meio de um microscópio e da contemplação
da natureza”.
Diante do que mostra o Hubble, só temos que admirar a grandeza do
Universo e louvar ao Criador por sua obra. Como diz Dante, em De Monarchia 13.2:
“Deus aeternus arte sua, quae natura est.” (Deus é eterno por sua obra,
que é a natureza)