CIDADE
DOS LIVROS E DAS FLORES
Avelina Maria Noronha de Almeida
Muitos sois já se passaram desde que
os índios Carijós chegaram em busca da “terra sem males”. Se não a encontraram, ajudaram a escrever uma
história iluminada por muitos sois, mesmo que às vezes encobertos pelas nuvens.
Várias alusões felizes já foram
feitas sobre nossa terra. O “Tratado de Geografia Descritiva da Província de
Minas Gerais”, de 1878, assim se refere a Queluz: “No município fabricam-se
ótimos tecidos de algodão e lã, que já foram premiados na exposição mineira;
também se fabricam as afamadas violas, conhecidas pelo nome de Violas de Queluz
e ali também fazem-se as muitas panelas de pedra, ótimas para a cozinha e de
todos esses gêneros faz-se grande exportação.”
Em seu livro “Minhas Recordações”, Francisco de Paula Ferreira de
Rezende, que foi Juiz de Direito aqui em meados do século XIX, diz ser
Queluz um dos celeiros de Ouro Preto e,
mais ainda, que as colchas fabricadas em S. Gonçalo , apesar de caras, eram muito compradas
e até mesmo enviadas para as princesas europeias.
Mas uma referência muito citada ultimamente é a de Nelson de Senna, no
Anuário de Minas Gerais, em princípios do século passado, dizendo ser Queluz um
reduto de intelectuais, que o povo daqui amava os livros e não havia casa que
não tivesse ao menos uma flor. Fazendo uma comparação com os nossos tempos,
também temos uma falange de intelectuais, alguns com projeção fora de nossos
limites territoriais; está crescendo a atração pelos livros, de modo muito
especial nas escolas, dando o destaque ao Movimento Caravelas, da Academia de
Ciências e Letras de Conselheiro Lafayette, desenvolvido pela acadêmica Leda
Maria Augusta Vieira de Faria.
Quanto às flores, não estamos correspondendo aos velhos tempos, embora em
alguns logradouros grande número de casas ostentem jardins e muros onde se
debruçam lindas trepadeiras, principalmente bouganvilles. Eu me lembro das
primeiras dessas flores que vi em minha vida, menina ainda, quando Dr. Mário
Rodrigues Pereira, então prefeito, mandou trazê-las para enfeitar a Praça Barão
de Queluz, e hoje ainda lá se encontram. Também, aqui e ali, encontramos ipês e
outras árvores que nos brindam com sua floração.
Mas quando viajo na Internet e vejo
certas ruas em cidades da França, da Itália, da Espanha e de outros países,
fico encantada com os vasos de flores de espaço em espaço nas calçadas e
aquelas casas que não têm jardim com flores nas janelas, ou vasos pendurados
nas paredes e nos muros, numa profusão de cores e encantamentos.
Como seria bom se Conselheiro
Lafaiete fosse assim... Seríamos realmente uma Cidade das Flores e do Livros.
Não é um “Sonho de uma noite de Verão”, mas um sonho de véspera de Primavera.
Como sonhar não custa nada... Diz Aristóteles: “Spes est vigilantis somnium” (A esperança é o sonho do homem
acordado)
Observação: O artigo foi publicado em
princípios de setembro.
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