quarta-feira, 3 de julho de 2013

UM BELO EXEMPLO




UM BELO EXEMPLO

Avelina Maria Noronha de Almeida
                                                                                                            avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

Um dos personagens da Mitologia Grega,  Sísifo, foi condenado a rolar, por toda a Eternidade, até o cume de uma montanha, uma grande pedra de mármore. Quando a pedra alcançava o topo, uma força irresistível a fazia rolar montanha abaixo, obrigando-o a repetir, incessantemente, a inglória tarefa. Sísifo é um arquétipo que se pode aplicar à grande parte da humanidade que vive presa à inutilidade de esforços, ao trabalho sem sentido ou ideal ou sem a persistência inteligente que leva a alcançar uma vitória por mais custosa que seja.
Felizmente, nem todos se entregam à rotina estéril ou à resignação sem luta. Há muita gente que consegue superar desafios praticamente impossíveis de resolução e faz com que seus esforços na subida se tornem vitoriosos e se consolidem no topo da montanha.
Como exemplo, cito um brasileiro que, a custo de muita luta, conseguiu superar obstáculos e realizar importante e benéfica empreitada: Christiano Benedicto Ottoni, por muitos conhecido apenas como nome de nossa vizinha cidade. Vale a pena conhecer um pouco de sua brilhante trajetória.
Como seu nome é conhecido e grafado atualmente, Cristiano Otoni foi um engenheiro que atuou na construção das linhas da Estrada de Ferro Central do Brasil. Em um momento de sua vida profissional, recebeu a incumbência de estudar, orçar e construir a estrada que ligasse o Rio de Janeiro a Minas Gerais passando através da Cordilheira. A princípio também incrédúlo, como ele mesmo diz “estava nas sombras da dúvida”, vítima das tergiversações do governo, chamado com ironia de “engenheiro amador”, de repente tomou-se de coragem. Aceitou o desafio e, não se intimidando, dedicou-se de corpo e alma a bem resolver o problema da passagem da Cordilheira, como se encontra em sua autobiografia:  “...cresceu-me verdadeira ambição de atravessar a Serra e acabar o túnel grande, principalmente quando se propagou a crença da sua impraticabilidade. Por isso permaneci no posto, a despeito de todas as contrariedades”.
Enfrentou intrigas, lutas, chacotas, trabalhos agitadíssimos, desgostos, ataques de jornais... mas também “prazeres do amor próprio”. Censuravam-no dizendo que a empresa, do modo como ele planejara, seria um desperdício, que  ficaria em dois milhões de esterlinas e o governo não deveria aprovar o projeto pois o que nele estava proposto não se faria nem em vinte anos. Fazendo cortes e aterros colossais, o genial engenheiro realizou uma obra de alta magnitude, com toda a solidez, em 7 anos e, também, com economia, pois custou 10 mil contos em lugar dos dois milhões de esterlinos que seriam cobrados pelo outro concorrente.
Considerado o “Pai das Estradas de Ferro do Brasil”, Cristiano Otoni é um belo exemplo para se contrapor à tibiez do mito de Sísifo. Cabe-lhe bem o dístico estampado em nosso chafariz da Praça Barão de Queluz:
Assíduo vir propositi tenax omnia vincit” (Pela perseverança o homem de propósito firme tudo vence).


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