sexta-feira, 5 de julho de 2013

UM GRANDE VALOR EM NOSSA CIDADE



UM GRANDE VALOR EM NOSSA CIDADE
                                                                       Avelina Maria Noronha de Almeida
                                                                                   avelinaqueluz@bol.com.br

            Temos muitas coisas boas em nossa cidade, que a valorizam e a colocam em lugar de destaque. Uma delas é o xadrez.
19 de novembro é o Dia Mundial do Xadrez. A data foi escolhida por ser o aniversário do cubano Raul Capablanca, considerado “gênio e menino prodígio do xadrez”, campeão mundial de xadrez de 1921 a 1927.
Há muita controvérsia quanto à origem desse jogo, com muitas histórias associadas a seu início. Dizem uns que começou na China, outros na Índia, ou na Pérsia, ou no Egito... A que é mais divulgada se passa na Índia, numa pequena cidade chamada Taligana. Um poderoso rajá teve a infelicidade de seu único filho ter sido morto em uma batalha sangrenta. O rajá mergulhou numa tristeza sem fim, em profunda depressão e ninguém conseguia ajudá-lo a superar a dolorosa perda. Com isso estava morrendo aos poucos e o reino estava tão descuidado que pouco faltava para que se arruinasse totalmente.
            Preocupado com a queda do reino, um brâmane, Lahur Sessa, levou ao rajá um tabuleiro contendo 64 quadros, brancos e pretos, com diversas peças de formatos diferentes representando o exército indiano:  a infantaria (peões), a cavalaria, os carros de combate (bispo) , elefantes (torres), o principal vizir (rainha) e o próprio rajá (rei). Por ser uma batalha, o jogo privilegiava a prudência, a lucidez, a sabedoria, a importância da decisão, da ponderação, da persistência. Aquele jogo, disse o brâmane ao rajá, iria acalmar seu espírito, curá-lo da depressão e aceitar com resignação a morte do filho.  Foi realmente o que aconteceu e o rajá voltou a dedicar-se a seu reino, que voltou a ser próspero e feliz.
            Quem trouxe o xadrez para o Brasil foi D. João VI, em 1808.
            A história do xadrez em nossa cidade vai muito longe, mas só em 1994 foi fundado oficialmente o Clube de Xadrez . Há alguns anos, partindo das aulas do professor Elder Miguel na Escola Municipal Dr, Rui Pena (CAÍQUE), foi criado o “Projeto Xadrez na Escola”, nas escolas municipais, hoje já atingindo 19 escolas, sendo quatro na região rural. Essas escolas têm feito trabalhos excelentes e conquistado muitas vitórias.
            E vejam que importante: na quinta-feira oito deste mês, a Escola Municipal “Jair Noronha” recebeu diploma de “Honra ao Mérito Desportivo – Modalidade Xadrez”, concedida pela Câmara Municipal de Conselheiro Lafaiete. De acordo com a diretora, Cleide Helena Faria, o xadrez desenvolveu, nos alunos de sua escola, raciocínio, concentração, atenção, elevação da auto-estima e senso de competitividade positiva.
            E ainda: a aluna Tatiane Letícia Gomes Lisboa, de 13 anos, da Escola Profissional “Luiz Carlos Gomes Beato”, foi a campeã de Minas Gerais nos Jogos Estudantis de Minas Gerais – JEMG.
            Parabéns, escolas e estudantes! Como diziam os latinos:

            Amat victoria curam. (A vitória favorece os que se preparam)

FELIZ ANO NOVO!





FELIZ ANO NOVO!
                                                                      
                                                                       Avelina Maria Noronha de Almeida
                                                                             avelinaqueluz@bol.com.br
                                                                      

(Publicado na passagem de 2012 para 2013)


No livro “Nossa Vida”, da queluziana Maria José Gerspacher Schmitz, publicado em 1976, entre vários episódios interessantes do passado fala sobre uma passagem de ano:
“Quantas vezes, em companhia do papai, esperava a chegada do Ano Novo, em uma das sacadas, no salão. Enquanto os outros na sala, em volta da grande mesa, comiam nozes, amêndoas, figos, ameixas e outras coisas gostosas, eu preferia ficar com o papai. Não havia luz elétrica nas casas e nas ruas, e eu olhava ansiosa esperando ver surgir de dentro da escuridão alguma coisa diferente que seria o Ano Novo. O papai contava:
– Lá se vai o Ano Velho, de barbas brancas, velhinho e tristonho, ninguém mais se importa com ele. Vem chegando o Ano Novo, menino bem pequeno ainda, carregando sua trouxinha, e todos esperam alegres, cheios de esperança, com grandes festejos.
Ficava com tanta pena do Ano Velho que tinha vontade de chorar.”
Essa visão de uma criança na Passagem do Ano, há mais de cem anos, desperta-me reflexões. Acreditando nas palavras do pai, a menina imaginava o velhinho tristonho indo embora e ficava com pena dele. Como dói a saudade daquele tempo em que era tão bela a fantasia na mente das crianças! Lindas a sensibilidade infantil em relação ao velhinho que se ia, a reunião da família em torno da mesa tradicional! Hoje as atrações culinárias são outras e muitos, naquela hora de mudança, estão dançando nos “réveillons” ou comemorando nas praças.
Havia escuridão nas casas e nas ruas, porém eles enxergavam melhor o significado daquela data do que nós hoje, tão iluminados pela eletricidade.
Aí me perguntei: será que ainda há crianças que, na passagem deste ano, tenham vontade de chorar de pena do velhinho 2012? Tenho minhas dúvidas... Estarão talvez entretidas com joguinhos eletrônicos, desenhos às vezes assustadores e outras atrações que se apresentam hoje para a infância.
O trecho de Maria José foi em mim que despertou a vontade de chorar de pena do velhinho, levando às suas costas tanta coisa triste que presenciou em 2012. Se houve realizações importantes, avanços na ciências, incríveis inovações tecnológicas, tablets, games, celulares, fabulosas descobertas astronômicas e tanta coisa  mais...
... houve muita pirataria on-line, invasões terríveis de privacidade, tragédias ambientais, conflitos generalizados pelo mundo, muita miséria, bastante corrupção, violência exacerbada e perdas de pessoas ilustres.
Quanto às expectativas em relação ao menino Ano Novo, as pessoas não mudaram. É geral o sentimento de esperança de que sua trouxinha vá se enriquecendo, no passar dos dias, com eventos felizes, progressos benéficos e muita harmonia.
Aos leitores, desejo que suas esperanças  se concretizem, que sigam caminhos  floridos e iluminados, mas sejam seus passos firmes e cuidadosos, porque  sempre se encontram tropeços; por isso vale a advertência prudente dos romanos: “Cave ne cadas” (Cautela em não caíres).




PERMANÊNCIA DE CLEIBER ANDRADE




PERMANÊNCIA DE CLEIBER ANDRADE
                                                     Avelina Maria Noronha de Almeida
                                                                                                        


                Não vou dizer que a morte de Cleiber deixou nossa Cultura mais pobre. Não seria verdadeiro porque a riqueza de sua personalidade está cintilante nas obras que ele deixou. Cleiber continua presente em suas preciosas obras.
Entre tantos adjetivos que cabem ao ilustre escritor, podemos ressaltar que foi uma pessoa incrivelmente forte, sem esmorecer nunca, sem empalidecer a inteligência e a memória, lúcido e batalhador até o fim.
Quinze dias antes de seu falecimento enviou um e-mail para os participantes de sua lista na Internet com a carta que escrevera defendendo os aposentados. Um texto enérgico, literariamente muito bem escrito, recheado de metáforas e com seriedade de argumentos. A preocupação com os problemas sociais já havia se manifestado no livro de poemas “Vozes da terra e outras vozes”, lançado em 2002, inspirado na miséria que presenciou no Vale do Jequitinhonha. A sua consternação ao tomar contato com tanta tristeza se transformou em versos vigorosos e de grande beleza que formaram um longo e emocionante poema.
A genialidade literária de Cleiber era multifacetada, com incursões em temas históricos, na Poesia, no jornalismo e em outros setores, mas, de um modo muito especial, no Teatro. Foram 50 anos de experiência no meio teatral, com 20 peças escritas, todas elas reconhecidas como de grande valor por nomes importantes do cenário cultural brasileiro e representadas, também, por artistas talentosos e aplaudidos, como Procópio Ferreira.
Sua primeira obra, a comédia de costumes, “Um dia a casa cai”, estreou-se no dia 18 de setembro de 1947, no Cine Teatro Avenida. E a carreira de escritor de peças teatrais foi caminhando pelo tempo; sucediam-se peças, desempenhavam-nas grandes artistas. Uma obra clássica é aquela que sobrevive atravessando os tempos com a mesma aceitação de gerações diversas. Pode ser exemplo dessa definição a peça “Zero Hora”, publicada na coleção “Teatro Nacional” e que logrou o primeiro lugar no Concurso Nacional de Dramaturgia do Jornal “A Noite”, do Rio de Janeiro. Alcançou grande sucesso em 1961 em São Paulo; após tanto tempo, desde outubro de 2009 tem sido um sucesso em Portugal (lá recebeu o nome de “Hora Zero”), sendo apresentada e grandemente aplaudida em várias cidades portuguesas.

Cleiber era Membro Emérito da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafayette e, entre outras honrarias, foi agraciado, pelo Governo do Estado de Minas Gerais, com a Medalha Santos Dumont, grau prata, indicação da Academia Mineira de Letras por seus méritos literários.
Seu último livro de poesias, “Nas asas do vento”, é uma obra lírica de intensa beleza. Pois foi nas asas desse vento, que ele cantou tão lindamente, que Cleiber Andrade foi passear pela Eternidade. Ele que soube seguir o ensinamento de Provérbios [16.16 – Vulgata]:
Posside sapientiam, quia auro melior est. Possui a sabedoria, pois ela é melhor que o ouro.





           


SERÁ UM PIONERISMO DE QUELUZ?



SERÁ UM PIONERISMO DE QUELUZ?
                                        Avelina Maria Noronha de Almeida
                                          avelinaqueluz@bol.com.br

            Uma das profissões que mais me fascina é a do paleontólogo, que se aplica a descobrir fósseis, isto é, partes dos corpos de animais que se preservaram séculos em baixo da terra, sedimentados em rochas, no gelo e em outros sítios favoráveis à sua conservação e, nesses fósseis, também vislumbrar como aconteceu a evolução primata-homem.
            Dia 15 de junho é a data comemorativa do paleontólogo. O símbolo mais forte dessa profissão é uma pessoa extraordinária: O dinamarquês Peter Wilhelm Lund, que veio por duas vezes ao Brasil e, na última, aqui ficou definitivamente até o dia de sua morte. Em uma das viagens que empreendeu em nosso País, encontrou outro dinamarquês que explorava salitre nas cavernas calcáreas. Certo dia, acompanhando o amigo em excursões a cavernas da região de Curvelo, reconheceu ossadas misturadas ao salitre. Assim, a partir de 1833, iniciou suas notáveis pesquisas e descobertas nessa área.
Sabem que, em terras de Queluz, foi descoberto um fóssil antidiluviano? E pode ter sido descoberto anteriormente às descobertas de Lund?
            Em manuscritos escritos nos primeiros anos do século XX, diz o professor laminense João Duarte Medeiros que havia sido encontrado um fóssil em terras de Queluz. Também um dos visitantes estrangeiros que vieram ao Brasil na primeira metade do século XIX, o inglês Francis Castelnau, em seu livro “Expedição às Regiões Centrais da América do Sul”, publicado em 1843, relata que, vindo de Barbacena, atravessara o rio Carandaí e entrara em terras de Queluz. Depois refere o seguinte: “Cunha Matos fala de interessante descoberta, nas margens deste rio, de um crânio gigantesco, provavelmente de mastodonte e coberto ainda de pelos muito grossos e com palmo e meio de comprimento. Estavam cortados em forma de coroa e muito bem conservados. Esta descoberta, que parece ter sido feita em terreno argiloso, apresenta um fato curioso e quase inexplicável. É verdade que se têm descoberto, mais de uma vez, animais antediluvianos conservados intatos, pelos inclusive, entre os blocos de gelo da Sibéria; mas, nos países mais quentes, nenhuma descoberta desta natureza foi feita. Depois daí é difícil de explicar como, em tais circunstâncias, possam porções do pelo do animal resistir à destruição, não só por efeito das causas naturais, mas ainda em virtude do ataque pelos seres variados que pululam nessas regiões”.
Se o fato foi publicado em 1843 e o autor encontrou-o em um livro publicado anteriormente, pode muito bem a descoberta em Queluz ser anterior às descobertas de Lund.
Onde estará o nosso fóssil? Nosso também, porque, na época de sua descoberta, o local fazia parte da Vila de Queluz. Hoje o local deve ser de Cristiano Otoni. Escavações à margem do rio Carandaí poderiam descobrir um riquíssimo sítio arqueológico. Seria formidável! São outros os tempos em relação a essa descoberta que, para nós, na verdade, ainda está bastante “encoberta”. Quem sabe, com a evolução cultural e educacional de nossa querida terra, o tempo atual nos traga boas novidades porque, como diz o ditado latino:
O tempo tudo traz. (Omnia fert aetas)