SERÁ
UM PIONERISMO DE QUELUZ?
Avelina
Maria Noronha de Almeida
avelinaqueluz@bol.com.br
Uma
das profissões que mais me fascina é a do paleontólogo, que se aplica a
descobrir fósseis, isto é, partes dos corpos de animais que se preservaram
séculos em baixo da terra, sedimentados em rochas, no gelo e em outros sítios
favoráveis à sua conservação e, nesses fósseis, também vislumbrar como
aconteceu a evolução primata-homem.
Dia
15 de junho é a data comemorativa do paleontólogo. O símbolo mais forte dessa
profissão é uma pessoa extraordinária: O dinamarquês Peter Wilhelm Lund, que
veio por duas vezes ao Brasil e, na última, aqui ficou definitivamente até o dia
de sua morte. Em uma das viagens que empreendeu em nosso País, encontrou outro
dinamarquês que explorava salitre nas cavernas calcáreas. Certo dia,
acompanhando o amigo em excursões a cavernas da região de Curvelo, reconheceu
ossadas misturadas ao salitre. Assim, a partir de 1833, iniciou suas notáveis
pesquisas e descobertas nessa área.
Sabem que, em terras de
Queluz, foi descoberto um fóssil antidiluviano? E pode ter sido descoberto
anteriormente às descobertas de Lund?
Em
manuscritos escritos nos primeiros anos do século XX, diz o professor laminense
João Duarte Medeiros que havia sido encontrado um fóssil em terras de Queluz.
Também um dos visitantes estrangeiros que vieram ao Brasil na primeira metade
do século XIX, o inglês Francis Castelnau, em seu livro “Expedição às Regiões
Centrais da América do Sul”, publicado em 1843, relata que, vindo de Barbacena,
atravessara o rio Carandaí e entrara em terras de Queluz. Depois refere o
seguinte: “Cunha Matos fala de interessante descoberta, nas margens deste
rio, de um crânio gigantesco, provavelmente de mastodonte e coberto
ainda de pelos muito grossos e com palmo e meio de comprimento. Estavam
cortados em forma de coroa e muito bem conservados. Esta descoberta, que parece
ter sido feita em terreno argiloso, apresenta um fato curioso e quase
inexplicável. É verdade que se têm descoberto, mais de uma vez, animais
antediluvianos conservados intatos, pelos inclusive, entre os blocos de
gelo da Sibéria; mas, nos países mais quentes, nenhuma descoberta desta natureza
foi feita. Depois daí é difícil de explicar como, em tais
circunstâncias, possam porções do pelo do animal resistir à destruição, não só
por efeito das causas naturais, mas ainda em virtude do ataque pelos
seres variados que pululam nessas regiões”.
Se o fato foi publicado
em 1843 e o autor encontrou-o em um livro publicado anteriormente, pode muito
bem a descoberta em Queluz ser anterior às descobertas de Lund.
Onde estará o nosso
fóssil? Nosso também, porque, na época de sua descoberta, o local fazia parte
da Vila de Queluz. Hoje o local deve ser de Cristiano Otoni. Escavações à
margem do rio Carandaí poderiam descobrir um riquíssimo sítio arqueológico.
Seria formidável! São outros os tempos em relação a essa descoberta que, para
nós, na verdade, ainda está bastante “encoberta”. Quem sabe, com a evolução
cultural e educacional de nossa querida terra, o tempo atual nos traga boas
novidades porque, como diz o ditado latino:
O tempo tudo traz. (Omnia fert aetas)
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