sexta-feira, 5 de julho de 2013

SERÁ UM PIONERISMO DE QUELUZ?



SERÁ UM PIONERISMO DE QUELUZ?
                                        Avelina Maria Noronha de Almeida
                                          avelinaqueluz@bol.com.br

            Uma das profissões que mais me fascina é a do paleontólogo, que se aplica a descobrir fósseis, isto é, partes dos corpos de animais que se preservaram séculos em baixo da terra, sedimentados em rochas, no gelo e em outros sítios favoráveis à sua conservação e, nesses fósseis, também vislumbrar como aconteceu a evolução primata-homem.
            Dia 15 de junho é a data comemorativa do paleontólogo. O símbolo mais forte dessa profissão é uma pessoa extraordinária: O dinamarquês Peter Wilhelm Lund, que veio por duas vezes ao Brasil e, na última, aqui ficou definitivamente até o dia de sua morte. Em uma das viagens que empreendeu em nosso País, encontrou outro dinamarquês que explorava salitre nas cavernas calcáreas. Certo dia, acompanhando o amigo em excursões a cavernas da região de Curvelo, reconheceu ossadas misturadas ao salitre. Assim, a partir de 1833, iniciou suas notáveis pesquisas e descobertas nessa área.
Sabem que, em terras de Queluz, foi descoberto um fóssil antidiluviano? E pode ter sido descoberto anteriormente às descobertas de Lund?
            Em manuscritos escritos nos primeiros anos do século XX, diz o professor laminense João Duarte Medeiros que havia sido encontrado um fóssil em terras de Queluz. Também um dos visitantes estrangeiros que vieram ao Brasil na primeira metade do século XIX, o inglês Francis Castelnau, em seu livro “Expedição às Regiões Centrais da América do Sul”, publicado em 1843, relata que, vindo de Barbacena, atravessara o rio Carandaí e entrara em terras de Queluz. Depois refere o seguinte: “Cunha Matos fala de interessante descoberta, nas margens deste rio, de um crânio gigantesco, provavelmente de mastodonte e coberto ainda de pelos muito grossos e com palmo e meio de comprimento. Estavam cortados em forma de coroa e muito bem conservados. Esta descoberta, que parece ter sido feita em terreno argiloso, apresenta um fato curioso e quase inexplicável. É verdade que se têm descoberto, mais de uma vez, animais antediluvianos conservados intatos, pelos inclusive, entre os blocos de gelo da Sibéria; mas, nos países mais quentes, nenhuma descoberta desta natureza foi feita. Depois daí é difícil de explicar como, em tais circunstâncias, possam porções do pelo do animal resistir à destruição, não só por efeito das causas naturais, mas ainda em virtude do ataque pelos seres variados que pululam nessas regiões”.
Se o fato foi publicado em 1843 e o autor encontrou-o em um livro publicado anteriormente, pode muito bem a descoberta em Queluz ser anterior às descobertas de Lund.
Onde estará o nosso fóssil? Nosso também, porque, na época de sua descoberta, o local fazia parte da Vila de Queluz. Hoje o local deve ser de Cristiano Otoni. Escavações à margem do rio Carandaí poderiam descobrir um riquíssimo sítio arqueológico. Seria formidável! São outros os tempos em relação a essa descoberta que, para nós, na verdade, ainda está bastante “encoberta”. Quem sabe, com a evolução cultural e educacional de nossa querida terra, o tempo atual nos traga boas novidades porque, como diz o ditado latino:
O tempo tudo traz. (Omnia fert aetas)



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