sexta-feira, 5 de julho de 2013

PERMANÊNCIA DE CLEIBER ANDRADE




PERMANÊNCIA DE CLEIBER ANDRADE
                                                     Avelina Maria Noronha de Almeida
                                                                                                        


                Não vou dizer que a morte de Cleiber deixou nossa Cultura mais pobre. Não seria verdadeiro porque a riqueza de sua personalidade está cintilante nas obras que ele deixou. Cleiber continua presente em suas preciosas obras.
Entre tantos adjetivos que cabem ao ilustre escritor, podemos ressaltar que foi uma pessoa incrivelmente forte, sem esmorecer nunca, sem empalidecer a inteligência e a memória, lúcido e batalhador até o fim.
Quinze dias antes de seu falecimento enviou um e-mail para os participantes de sua lista na Internet com a carta que escrevera defendendo os aposentados. Um texto enérgico, literariamente muito bem escrito, recheado de metáforas e com seriedade de argumentos. A preocupação com os problemas sociais já havia se manifestado no livro de poemas “Vozes da terra e outras vozes”, lançado em 2002, inspirado na miséria que presenciou no Vale do Jequitinhonha. A sua consternação ao tomar contato com tanta tristeza se transformou em versos vigorosos e de grande beleza que formaram um longo e emocionante poema.
A genialidade literária de Cleiber era multifacetada, com incursões em temas históricos, na Poesia, no jornalismo e em outros setores, mas, de um modo muito especial, no Teatro. Foram 50 anos de experiência no meio teatral, com 20 peças escritas, todas elas reconhecidas como de grande valor por nomes importantes do cenário cultural brasileiro e representadas, também, por artistas talentosos e aplaudidos, como Procópio Ferreira.
Sua primeira obra, a comédia de costumes, “Um dia a casa cai”, estreou-se no dia 18 de setembro de 1947, no Cine Teatro Avenida. E a carreira de escritor de peças teatrais foi caminhando pelo tempo; sucediam-se peças, desempenhavam-nas grandes artistas. Uma obra clássica é aquela que sobrevive atravessando os tempos com a mesma aceitação de gerações diversas. Pode ser exemplo dessa definição a peça “Zero Hora”, publicada na coleção “Teatro Nacional” e que logrou o primeiro lugar no Concurso Nacional de Dramaturgia do Jornal “A Noite”, do Rio de Janeiro. Alcançou grande sucesso em 1961 em São Paulo; após tanto tempo, desde outubro de 2009 tem sido um sucesso em Portugal (lá recebeu o nome de “Hora Zero”), sendo apresentada e grandemente aplaudida em várias cidades portuguesas.

Cleiber era Membro Emérito da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafayette e, entre outras honrarias, foi agraciado, pelo Governo do Estado de Minas Gerais, com a Medalha Santos Dumont, grau prata, indicação da Academia Mineira de Letras por seus méritos literários.
Seu último livro de poesias, “Nas asas do vento”, é uma obra lírica de intensa beleza. Pois foi nas asas desse vento, que ele cantou tão lindamente, que Cleiber Andrade foi passear pela Eternidade. Ele que soube seguir o ensinamento de Provérbios [16.16 – Vulgata]:
Posside sapientiam, quia auro melior est. Possui a sabedoria, pois ela é melhor que o ouro.





           


Nenhum comentário:

Postar um comentário