PERMANÊNCIA
DE CLEIBER ANDRADE
Avelina Maria Noronha de Almeida
Não
vou dizer que a morte de Cleiber deixou nossa Cultura mais pobre. Não seria
verdadeiro porque a riqueza de sua personalidade está cintilante nas obras que
ele deixou. Cleiber continua presente em suas preciosas obras.
Entre tantos adjetivos
que cabem ao ilustre escritor, podemos ressaltar que foi uma pessoa
incrivelmente forte, sem esmorecer nunca, sem empalidecer a inteligência e a
memória, lúcido e batalhador até o fim.
Quinze dias antes de
seu falecimento enviou um e-mail para os participantes de sua lista na Internet
com a carta que escrevera defendendo os aposentados. Um texto enérgico,
literariamente muito bem escrito, recheado de metáforas e com seriedade de
argumentos. A preocupação com os problemas sociais já havia se manifestado no
livro de poemas “Vozes da terra e outras vozes”, lançado em 2002, inspirado na
miséria que presenciou no Vale do Jequitinhonha. A sua consternação ao tomar
contato com tanta tristeza se transformou em versos vigorosos e de grande
beleza que formaram um longo e emocionante poema.
A genialidade literária
de Cleiber era multifacetada, com incursões em temas históricos, na Poesia, no
jornalismo e em outros setores, mas, de um modo muito especial, no Teatro.
Foram 50 anos de experiência no meio teatral, com 20 peças escritas, todas elas
reconhecidas como de grande valor por nomes importantes do cenário cultural
brasileiro e representadas, também, por artistas talentosos e aplaudidos, como
Procópio Ferreira.
Sua primeira obra, a
comédia de costumes, “Um dia a casa cai”, estreou-se no dia 18 de setembro de
1947, no Cine Teatro Avenida. E a carreira de escritor de peças teatrais foi
caminhando pelo tempo; sucediam-se peças, desempenhavam-nas grandes artistas. Uma
obra clássica é aquela que sobrevive atravessando os tempos com a mesma
aceitação de gerações diversas. Pode ser exemplo dessa definição a peça “Zero
Hora”, publicada na coleção “Teatro Nacional” e que logrou o primeiro lugar no
Concurso Nacional de Dramaturgia do Jornal “A Noite”, do Rio de Janeiro. Alcançou
grande sucesso em 1961 em São Paulo; após tanto tempo, desde outubro de 2009
tem sido um sucesso em Portugal (lá recebeu o nome de “Hora Zero”), sendo
apresentada e grandemente aplaudida em várias cidades portuguesas.
Cleiber era Membro
Emérito da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafayette e, entre
outras honrarias, foi agraciado, pelo Governo do Estado de Minas Gerais, com a
Medalha Santos Dumont, grau prata, indicação da Academia Mineira de Letras por
seus méritos literários.
Seu último livro de
poesias, “Nas asas do vento”, é uma obra lírica de intensa beleza. Pois foi nas
asas desse vento, que ele cantou tão lindamente, que Cleiber Andrade foi
passear pela Eternidade. Ele que soube seguir o ensinamento de Provérbios
[16.16 – Vulgata]:
Posside
sapientiam, quia auro melior est. Possui a sabedoria,
pois ela é melhor que o ouro.
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