sexta-feira, 5 de julho de 2013

FELIZ ANO NOVO!





FELIZ ANO NOVO!
                                                                      
                                                                       Avelina Maria Noronha de Almeida
                                                                             avelinaqueluz@bol.com.br
                                                                      

(Publicado na passagem de 2012 para 2013)


No livro “Nossa Vida”, da queluziana Maria José Gerspacher Schmitz, publicado em 1976, entre vários episódios interessantes do passado fala sobre uma passagem de ano:
“Quantas vezes, em companhia do papai, esperava a chegada do Ano Novo, em uma das sacadas, no salão. Enquanto os outros na sala, em volta da grande mesa, comiam nozes, amêndoas, figos, ameixas e outras coisas gostosas, eu preferia ficar com o papai. Não havia luz elétrica nas casas e nas ruas, e eu olhava ansiosa esperando ver surgir de dentro da escuridão alguma coisa diferente que seria o Ano Novo. O papai contava:
– Lá se vai o Ano Velho, de barbas brancas, velhinho e tristonho, ninguém mais se importa com ele. Vem chegando o Ano Novo, menino bem pequeno ainda, carregando sua trouxinha, e todos esperam alegres, cheios de esperança, com grandes festejos.
Ficava com tanta pena do Ano Velho que tinha vontade de chorar.”
Essa visão de uma criança na Passagem do Ano, há mais de cem anos, desperta-me reflexões. Acreditando nas palavras do pai, a menina imaginava o velhinho tristonho indo embora e ficava com pena dele. Como dói a saudade daquele tempo em que era tão bela a fantasia na mente das crianças! Lindas a sensibilidade infantil em relação ao velhinho que se ia, a reunião da família em torno da mesa tradicional! Hoje as atrações culinárias são outras e muitos, naquela hora de mudança, estão dançando nos “réveillons” ou comemorando nas praças.
Havia escuridão nas casas e nas ruas, porém eles enxergavam melhor o significado daquela data do que nós hoje, tão iluminados pela eletricidade.
Aí me perguntei: será que ainda há crianças que, na passagem deste ano, tenham vontade de chorar de pena do velhinho 2012? Tenho minhas dúvidas... Estarão talvez entretidas com joguinhos eletrônicos, desenhos às vezes assustadores e outras atrações que se apresentam hoje para a infância.
O trecho de Maria José foi em mim que despertou a vontade de chorar de pena do velhinho, levando às suas costas tanta coisa triste que presenciou em 2012. Se houve realizações importantes, avanços na ciências, incríveis inovações tecnológicas, tablets, games, celulares, fabulosas descobertas astronômicas e tanta coisa  mais...
... houve muita pirataria on-line, invasões terríveis de privacidade, tragédias ambientais, conflitos generalizados pelo mundo, muita miséria, bastante corrupção, violência exacerbada e perdas de pessoas ilustres.
Quanto às expectativas em relação ao menino Ano Novo, as pessoas não mudaram. É geral o sentimento de esperança de que sua trouxinha vá se enriquecendo, no passar dos dias, com eventos felizes, progressos benéficos e muita harmonia.
Aos leitores, desejo que suas esperanças  se concretizem, que sigam caminhos  floridos e iluminados, mas sejam seus passos firmes e cuidadosos, porque  sempre se encontram tropeços; por isso vale a advertência prudente dos romanos: “Cave ne cadas” (Cautela em não caíres).




Nenhum comentário:

Postar um comentário