segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

ELOGIOS AO BRASIL


















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ELOGIOS AO BRASIL

Avelina Maria Noronha de Almeida


Victor Hugo, grande poeta, dramaturgo e romancista francês, encantou-se com os escritos de viajantes estrangeiros que vieram ao Brasil no século XIX, tornando-se um grande admirador de nossa pátria. Em seu romance “Os trabalhadores do Mar” encontra-se este belo trecho: “Na cidade do Rio de Janeiro, ele tinha visto as mulheres brasileiras colocarem, à noite, em meio aos cabelos, pequenas bolas de gaze, contendo cada uma vagalumes, bela mosca de fósforo, o que as deixa penteadas de estrelas”.

Na coletânea “Canções das Ruas e dos Bosques”, de 1865, oito dos poemas evocam Rosita Rosa, nome que esconderia uma conquista do autor, vinda “desse Brasil / Tão dourado que faz do resto / Do universo um exílio”. Em 1883, compôs um poema em que celebrava “o vasto Brasil de árvores semeadas de ouro”. Assim inicia outro poema: “Amo vossa pátria de sempre puro céu”, o qual termina de maneira muito agradável para nós: “O momento é crítico. Ah! Tomai a mão / Do grande futuro que vos aguarda./ E assim sob as árvores douradas num Brasil sem fim, Passarão o Progresso, a Força e a Luz: / A aurora de estio em vossa tez reluz”.

São palavras que se sabe sinceras e caem bem em nosso ego de brasileiros, mas outras palavras me impressionaram mais ainda, não apenas literárias mas bem reais, proferidas por uma personalidade ilustre, um dos importante ícones culturais brasileiros da atualidade, nome respeitado e digno de todo o crédito: O maestro Júlio Medaglia.

Esse grande músico criou o programa “Prelúdio”, exibido pela TV Cultura, reunindo jovens talentos que apresentam repertório erudito em atração com júri e platéia, já há cinco anos no ar, sensibilizando e formando culturalmente o auditório e, ao mesmo tempo, servindo de incentivo para artistas em início de carreira. Neste ano, o vencedor ganhará bolsa de estudo na Alemanha e participará como solista de um concerto regido por Medaglia.

Em uma entrevista o maestro, que na época estava chegando da Europa, onde passara por vários países, entre eles Alemanha, Bulgária, Hungria e Áustria, acusava os veículos de massa da perda da qualidade da música brasileira devido a razões de mercado. Comentando que o mesmo problema afeta as programações de radiofônicas no Velho Mundo, concluiu:

“Lá é ainda pior, porque não têm cultura popular tão rica como a nossa”.

Como é importante ler esta frase, vinda de uma autoridade no assunto e figura altamente respeitada no mundo artístico! Como é bom ler o depoimento de Victor Hugo sobre nosso País.

Com tantos problemas que nossa nação enfrenta, faz bem, a quem ama o Brasil, ouvir falar bem dele e do seu povo!

Disse Ovídio: “Amor patriae ratione valentior omni”. (O amor da pátria é mais importante do que qualquer razão)

DEUS NOS ACUDA!
















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DEUS NOS ACUDA!

Avelina Maria Noronha de Almeida


“Deus nos acuda” foi uma telenovela da Globo, de Sílvio de Abreu, que foi apresentada no início da década de 90. A vinheta de abertura, criada pelo genial Hans Donner e equipe, era extremamente sugestiva. Um símbolo dos tempos que corriam. Uma festa da elite, vestidos lindos, smokings, garçons equilibrando as bandejas, cristais, pessoas bebendo, divertindo-se, dançando sorridentes ao som de Gal Costa... e, de repente, o salão é invadido por um mar de lama que vai cobrindo os pés, tornando-se mais alto, atingindo os ombros, os rostos até que tudo submerge. Enquanto isso acontece, as pessoas continuam rindo, conversando animadamente, comendo e bebendo com naturalidade, totalmente alheias ao perigo da situação., até ficarem totalmente submersas.

Lendo notícias do Brasil e do Mundo, de repente essa abertura me veio à mente, nítida como se a estivesse vendo, naquele momento, tão fortemente me impressionara na época. E pensei: não estamos vivendo um contexto semelhante, sem tomar consciência da ameaça que nos pesa sobre a cabeça devido ao que se passa pelo mundo afora? Tantas tragédias: terremotos, tsunamis, erupções de vulcão, ciclones, enchentes... Catástrofes uma atrás da outra. É verdade que sempre ocorreram tais fenômenos, porém em tão larga escala? Os danos causados à Natureza não estarão interferindo, provocando a sua reação, levando-a a nos tratar da mesma forma?

Na década de 70, Carl Sagan, que então apresentava uma série de programas na TV, disse que o homem estava tirando tantos materiais de dentro da terra que, aos poucos, ela se tornaria como uma laranja murcha e isso afetaria a inclinação de seu eixo com graves consequências. Seriam palavras proféticas?

Um vulcão espalhando suas cinzas no ar, petróleo derramando-se no mar. Sinais de alerta? A euforia em ultrapassar limites naturais não terá transformado o homem em um “aprendiz de feiticeiro”?

Enquanto isso, movidos pela paixão do domínio e do lucro, grande parte da humanidade preocupa-se com avanços tecnológicos, limites de terra, sucesso monetário. Homens e países ameaçam, agridem, retaliam, em vez de se unirem para traçarem uma estratégia salvadora de nosso pobre planeta. Nem pensam que, se não forem tomadas medidas urgentes, serão vãs, talvez em pouco tempo, suas preocupações atuais. Não estarão como aqueles personagens da vinheta? E nós, em geral, também, não estaremos omissos, alienados?

Parece que o jeito é pedir emprestado ao Sílvio de Abreu o título da novela e clamar:
DEUS NOS ACUDA!!!

Porém é preciso fazer também a nossa parte. Não sigamos o conselho encontrado nas Odes de Horácio:

Dona praesentis cape laetus horae, linque severa. Colhe com alegria as dádivas da hora presente, foge das questões sérias.

DIA DAS MÃES










Após falecimento de Assis Milagre, em cerimônia em homenagem a ele, sua mãe recebe a comenda Allex Assis Milagre. À sua direita, o pai de Allex, José Bonifácio Milagre


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DIA DAS MÃES

Avelina Maria Noronha de Almeida


Cornélia, nobre matrona da antiga Roma, esposa de Tibério Semprônio Graco, certa vez recebeu a visita de uma patrícia muito vaidosa e frívola, amante da ostentação, e que só falava dos luxuosos trajes e preciosas jóias que possuía. A dona da casa ouvia pacientemente a interlocutora até que, em certo momento, esta lhe disse:

- Não há nada que eu goste mais de ver do que jóias. Mostrai-me as vossas. Devem ser muito belas e de valor.

Cornélia levantou-se e saiu da sala, voltando pouco depois trazendo, pelas mãos, dois de seus filhos, Tibério e Caio, que mais tarde seriam homens notáveis e heróicos. Mostrou-os à visitante e falou com sadio orgulho:

- Haec ornamenta mea (Eis as minhas jóias).

A frase se tornou famosa, muitas vezes citada para homenagear mães dedicadas e amorosas e filhos que demonstrem valor.

Allex Assis Milagre, que por tanto tempo ocupou este espaço, é uma jóia que continua viva no coração de sua mãe Isaura Assis Milagre. Quis dar, ao querido amigo, a oportunidade de, ainda uma vez, saúda-la, com toda a sensibilidade de sua alma de poeta, pela passagem do Dia das Mães, o que se torna possível pela perenidade da palavra escrita que vence qualquer distância, mesmo a da morte.

À MINHA MÃE

Allex Assis Milagre


Bem sei que lutas, debalde, com amor,
A resguardar do mundo, o filho teu,
Da sorte vil, da mágoa e da dor,
Velando, assim, o leve sono meu.

Bem sei que almejas levar-me pela mão,
Iluminando o meu peregrinar,
Inda que sofra teu nobre coração
Dilacerado muito por penar.

Mas se fitares a cruz do Redentor,
Erguida aos céus no lúgubre Calvário,
Entenderás porque te amolas tanto:

Verás teu filho, naquele santuário,
A enxugar, da mãe, o dolor pranto,
A inebriar-se co’o sangue do Senhor.

Para terminar, o espaço é da nobre língua de Petrarca:

Arbor bona fructus bonos facit (A boa árvore dá bons frutos).

DIA DO PROFESSOR












Arquivo de Cleonice Libânio




DIA DO PROFESSOR

Avelina Maria Noronha de Almeida

Escrito em outubro de 2012



Pela passagem do “Dia do Professor”, queria homenagear aqueles que se dedicam à belíssima arte de educar e ensinar. Para representar a nobre classe nesta homenagem difícil fazer a escolha, tantos e tantos são e foram os mestres ilustres que brilham e brilharam nos cenários presente e passado da história de Conselheiro Lafaiete.

Do passado, caiu a escolha sobre o Mestre José Crisóstomo de Mendonça, dos primeiros tempos da Real Villa de Queluz. Era um sacerdote, esse Professor Régio de Primeiras Letras de Queluz, e devia desempenhar muito bem sua missão, tanto que a Câmara da vila deixou documentado que havia frequentado sua aula pessoalmente, elogiando-o e atestando que ele desempenhava sua função “com louvável zelo e cuidado, do que resulta adiantamento aos seus discípulos e contentamento dos Pais, sem que até o presente tenha havido queixa alguma contra ele e seu exemplar procedimento”. É um registro de passado distante.

Da época contemporânea, entre tantos nomes merecedores de aplausos, não poderia deixar de escolher Maria Augusta Noronha, não por ser minha mãe, mas porque neste 13 de outubro transcorre seu centenário. Diretora, professores, funcionários, alunos, enfim, a comunidade escolar do estabelecimento que tem seu nome, Escola Estadual “Professora Maria Augusta Noronha” estão comemorando com atividades diversas, culminando com a Santa Missa na Matriz de Nossa Senhora da Conceição, às 10 horas do dia 13. Sou-lhes muito grata.

Maria Augusta iniciou sua carreira na escola rural da Água Preta, localidade próxima à cidade, para aonde ia quase sempre a cavalo. Lembrava-se com especial carinho desses alunos, entre eles o expedicionário Eugênio Martins Pereira, morto em combate na Segunda Guerra Mundial. Ao passar em sua casa, ele ia correndo acompanhando o cavalo até chegar à escola.

Reiniciou seu trabalho com o Curso Noturno para adultos no Grupo Escolar “Pacífico Vieira”, um trabalho muito bonito e que tinha a frequência, entre outros alunos, de um grupo de alunas na faixa de oitenta anos que tinham verdadeiro amor pela mestra.

No Grupo Escolar “Inconfidência” decorreu a maior parte de sua vida no ensino: professora por mais de dez anos, depois diretora por 21 anos, até que foi aposentada compulsoriamente pela idade. Quando recebeu a notícia da aposentadoria, foi ferida dolorosamente no coração e disse desoladamente:

“ – Eu ainda tinha muita coisa a fazer.”

Mesmo como diretora, seu maior tempo passava dentro das salas de aula, ajudando na alfabetização e nas outras atividades. O “Inconfidência” foi uma bênção em sua vida. Ali floresceu com todos os dons com que Deus a presenteara. Maria era a alma de tudo. Cercada de um excelente corpo de professores e auxiliares, realizou uma obra realmente grandiosa.

Maria Augusta Noronha, como professora, soube bem viver e ensinar, como bem disse Thomas van Kempis, em Hortulus Rosarum:

“Qui bene vivit, bene docet.” (Quem bem vive bem ensina)

FRAGILIDADE DOS IMPÉRIOS

















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FRAGILIDADE DOS IMPÉRIOS

Avelina Maria Noronha de Almeida


As notícias veiculadas constantemente pela mídia me levaram a pensar sobre a história dos impérios.

No Século XIX, o inglês Cecil Rhodes dizia que seu país só resolveria os problemas daquela época com a expansão territorial. À noite, ele olhava as estrelas luzindo no firmamento e lamentava que elas estivessem fora do seu alcance. Dizia: “Se eu pudesse, anexava os planetas”.

O sentido clássico da palavra “império” é de um vasto território, de uma nação que domina outra ou outras, quase sempre por expansionismo militar.

O caminho da Humanidade apresenta, desde os primeiros tempos do “homo sapiens”, vários impérios que surgiram no horizonte, tiveram seu zênite e, finalmente, foram se enfraquecendo como o sol que mergulha nas sombras na noite.

Nos tempos passados, os mais famosos foram o Império Persa, por volta de 500 a.C., cujo território se estendia pela Ásia, África e Europa. O império do Japão, que se espalhava pela China e pelo Sudeste Asiático. O Império Romano, em seu auge, cerca de 117 d.C., ocupou uma boa parte do Mapa Mundi. O Otomano dominava 6,3 milhões de quilômetros quadrados e o Macedônio, de Alexandre, o Grande, 5,4 milhões. Todos eles, “colossos com pés de barro”, tiveram seu fastígio, depois entraram em decadência.

Com o decorrer dos tempos, outros surgiram, mas também perderam a hegemonia, devido, geralmente, a seus pecados históricos

No século XX, vários países se envolveram em guerras imperialistas, com milhões e milhões de mortos e terríveis destruições e ruíram impérios que tinham sido poderosos, pois ventos de revolta sopraram em vários lugares derrubando o jugo do colonianismo.

Emergiu o neo-imperialismo, ampliando o significado do termo. Assim temos também o Império Nuclear, o Império de Hollywood, o Império da Coca-Cola... O Império Cibernético já estendeu suas redes pelo mundo inteiro. O Império do Medo nos faz levantar muros, colocar grades. O Imperialismo Capitalista, que estremece com as crises econômicas afetando países considerados, até então, poderosos, não consegue mais ocultar sua fragilidade.

É isto. Os impérios têm o destino de serem efêmeros...

Dizem que um general romano amarrou em seu carro um chefe bárbaro, prisioneiro de guerra, levando-o para desfilar caminhando diante da multidão. O bárbaro ia de cabeça baixa, como se examinasse as rodas do carro a que estava atrelado. O romano então lhe disse:

“– Levanta a cabeça para ver a minha vitória!”

E o bárbaro lhe respondeu:

“ – Estou vendo algo mais interessante: os raios da roda do teu carro.”

“– O que há com eles?”

E veio a exemplar resposta:

“– Eles sobem e descem. Os que estão no alto descem e se misturam com o pó da terra e assim vão, girando... girando... girando...”

Cum fovet fortuna, cave nanque rota rotunda. (Quando a fortuna te for favorável, toma cuidado porque a roda gira)