segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

DEUS NOS ACUDA!
















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DEUS NOS ACUDA!

Avelina Maria Noronha de Almeida


“Deus nos acuda” foi uma telenovela da Globo, de Sílvio de Abreu, que foi apresentada no início da década de 90. A vinheta de abertura, criada pelo genial Hans Donner e equipe, era extremamente sugestiva. Um símbolo dos tempos que corriam. Uma festa da elite, vestidos lindos, smokings, garçons equilibrando as bandejas, cristais, pessoas bebendo, divertindo-se, dançando sorridentes ao som de Gal Costa... e, de repente, o salão é invadido por um mar de lama que vai cobrindo os pés, tornando-se mais alto, atingindo os ombros, os rostos até que tudo submerge. Enquanto isso acontece, as pessoas continuam rindo, conversando animadamente, comendo e bebendo com naturalidade, totalmente alheias ao perigo da situação., até ficarem totalmente submersas.

Lendo notícias do Brasil e do Mundo, de repente essa abertura me veio à mente, nítida como se a estivesse vendo, naquele momento, tão fortemente me impressionara na época. E pensei: não estamos vivendo um contexto semelhante, sem tomar consciência da ameaça que nos pesa sobre a cabeça devido ao que se passa pelo mundo afora? Tantas tragédias: terremotos, tsunamis, erupções de vulcão, ciclones, enchentes... Catástrofes uma atrás da outra. É verdade que sempre ocorreram tais fenômenos, porém em tão larga escala? Os danos causados à Natureza não estarão interferindo, provocando a sua reação, levando-a a nos tratar da mesma forma?

Na década de 70, Carl Sagan, que então apresentava uma série de programas na TV, disse que o homem estava tirando tantos materiais de dentro da terra que, aos poucos, ela se tornaria como uma laranja murcha e isso afetaria a inclinação de seu eixo com graves consequências. Seriam palavras proféticas?

Um vulcão espalhando suas cinzas no ar, petróleo derramando-se no mar. Sinais de alerta? A euforia em ultrapassar limites naturais não terá transformado o homem em um “aprendiz de feiticeiro”?

Enquanto isso, movidos pela paixão do domínio e do lucro, grande parte da humanidade preocupa-se com avanços tecnológicos, limites de terra, sucesso monetário. Homens e países ameaçam, agridem, retaliam, em vez de se unirem para traçarem uma estratégia salvadora de nosso pobre planeta. Nem pensam que, se não forem tomadas medidas urgentes, serão vãs, talvez em pouco tempo, suas preocupações atuais. Não estarão como aqueles personagens da vinheta? E nós, em geral, também, não estaremos omissos, alienados?

Parece que o jeito é pedir emprestado ao Sílvio de Abreu o título da novela e clamar:
DEUS NOS ACUDA!!!

Porém é preciso fazer também a nossa parte. Não sigamos o conselho encontrado nas Odes de Horácio:

Dona praesentis cape laetus horae, linque severa. Colhe com alegria as dádivas da hora presente, foge das questões sérias.

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