ALGO
MAIS SOBRE D. PEDRO I
Avelina Maria Noronha de Almeida
Sete de Setembro. D. Pedro I é a figura
que brilha nesse data devido a seu brado “Independência ou Morte!” Mas quanta
coisa na verdade se sabe sobre ele?
Quando se fala do príncipe, depois imperador, vem ao
pensamento, em relação à sua personalidade, além do heroísmo do brado, as
características fortes de idealismo, desprendimento pessoal, impulsividade,
volubilidade de temperamento – que o
levava a atitudes contraditórias de maiores egoísmo ou de admiráveis
generosidades –, falta de senso de medida e cupidez que o levava às inumeráveis aventuras
amorosas.
Também é conhecida sua confraternização
com o povo; sentia prazer em estar com as pessoas comuns. Não acreditava em
diferenças raciais e defendia a abolição da escravatura.
Porém há um aspecto de nosso Libertador
que é pouco conhecido: o de suas atividades não relacionadas com as lides do
governo.
Por exemplo: naquela época, a sociedade
desprezava os trabalhos manuais, que eram reservados aos escravos, porém D.
Pedro era uma pessoa simples, que não se importava de trabalhar com suas
próprias mãos. Era excelente mecânico, marceneiro e torneiro.
Em relação à Cultura,
era apaixonado pela matemática. Sabia ler, escrever e falar em francês e latim
e compreendia o inglês e o alemão. Embora tivesse tido excelentes professores,
em muitas áreas era autodidata e estava sempre procurando aprimorar seus
conhecimentos.
Quando a Família Real Portuguesa veio
para o Brasil, o menino Pedro, sempre curioso, apreciava estar entre os
marinheiros para aprender as manobras de barco. Mas fora esses momentos ficava
lendo, encostado em um dos mastros do navio, obras clássicas como a “Eneida”,
de Virgílio, um dos seus autores preferidos, no original em latim – obra pela
qual tinha grande paixão – , os Sermões do Pe. Vieira, obras de Edmund Burke,
de Voltaire e de Benjamin Constant, as cartas de Madame Sévigné... Imaginem
isso em um menino de apenas nove anos. Espantoso! Escrevia também poesias. Até
a sua morte lia ou estudava diariamente duas horas. Dava muito valor à
Educação, criou cursos jurídicos e deu ao Estado a obrigação de manter escolas
primárias.
E mais: tinha habilidade para pintura,
litografia e escultura, talento e verdadeira fascinação pela música e compunha,
contando, entre suas obras, um Te Deum, uma Missa cantada, sinfonias, hinos
como uma das versões do Hino da Independência e o Hino da Carta considerado,
até 1911, o hino nacional português. Agora vejam os instrumentos musicais que
ele sabia tocar: piano, violino, flauta, clarinete, violão, cravo, trombone,
fagote e lundu.
Em homenagem a essa figura histórica de
tanto valor cultural, uma frase tirada de seu autor predileto e da obra que era
sua paixão:
Audentes
fortuna iuvat. A fortuna sorri aos ousados. (De
Virgílio, em “Eneida)