segunda-feira, 1 de julho de 2013

BERÇO DE OURO




BERÇO DE OURO
                                                            Avelina Maria Noronha de Almeida

            Nossa cidade nasceu em berço de ouro.
            Nosso solo era rico – e quem sabe ainda é? – do precioso metal.
            De acordo com Saint-Adolphe, em 1681 uma bandeira paulista viu, nos contrafortes da Mantiqueira, um aldeamento estável de garimpeiros que mineravam na  Serra do Deus te Livre (Serra de Ouro Branco) e de índios carijós. Penso que esse aldeamento se localizaria nas proximidades da igreja da Passagem de Conselheiro Lafaiete, que ficava no caminho dos bandeirantes. No local havia muito ouro. Foi por causa dele que os bandeirantes aqui permaneceram, transformando-se em mineradores.
            No século XVIII, um minerador de Gagé resolveu trazer, construindo um canal,  águas do rio Piranga para lavar o ouro. A empreitada corajosa foi coroada de sucesso. O homem ficou riquíssimo. Suas filhas iam à missa com os cabelos polvilhados de ouro.
            Há um relato curioso no livro de uma neta de Jean Albert Gerspacher, um suíço que veio construir a Usina Esperança, em Gagé, no final do século XVIII. Vou transcrever um trecho de “Nossa Vida” de Maria José Gersparcher Schimitz, referindo-se ao modo como os parentes estrangeiros viam o modo de vida da gente daquela região:
            “Observando os costumes do nosso povo, ficavam curiosos por saber como podiam viver muitos homens que nunca trabalhavam. De onde lhes vinha o dinheiro para sua subsistência? Passavam o dia todo conversando à porta da venda ou sentados em frente aos seus barracos. Com grande admiração viram o que faziam. Em um rio que passava ali perto iam,batear e cada um voltava com grande porção de ouro que, aos poucos, trocavam na venda por feijão, arroz, farinha e tudo mais que desejavam. Viviam assim até que se esgotasse a sua provisão de ouro, quando voltavam a batear.”
            No princípio do século XX, moradores das margens do rio Bananeiras, iam até o fundo de sua horta e, com uma peneira, tiravam dele pepitas de ouro. O que acontecia também no ribeiro de Amaro Ribeiro.
            Hoje não sei onde anda o nosso ouro. Aparentemente acabou-se. Mas quem sabe está apenas escondido nas entranhas do nosso solo?
            O nosso ouro hoje é outro, bem mais valioso.
            Há veios de um ouro mais puro brilhando de outra maneira,  que vem se manifestando desde os tempos da Real Villa de Queluz e que tem levado suas cintilações até outras partes do mundo. Basta lembrar Conselheiro Lafayette, brilhante na política, na jurisprudência e nas letras, e Napoleão Reis, que mostrou ao mundo o valor do queluziano. Veios presentes no íntimo de todos aqueles que amam Conselheiro Lafaiete e trabalham para que nossa cidade se torne cada vez melhor.
            Os filhos de nossa terra que a souberam honrar foram batalhadores e conseguiram vencer. Souberam construir com valor a sua trajetória na vida. A eles se pode aplicar a frase latina:
                   Suae quisque fortuna faber est. (O homem é arquiteto de seu próprio destino)




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