sábado, 2 de julho de 2016

O AMOR VENCE TODAS AS COISAS





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O AMOR VENCE TODAS AS COISAS

Avelina Maria Noronha de Almeida
avelinaconselheirolafaiete@gmail.com


Dias atrás, ao amanhecer, olhando pela janela de meu quarto, extasiei-me com uma visão encantadora: vi, em um pequeno espaço que me restava entre dois prédios, uma árvore mais que centenária, uma mangueira que se ergue atrás do antigo casarão da rua Coronel Arthur Nascimento, na direção da entrada da rua Tavares de Melo. Vários ramos de flores amarelas desciam do alto da mangueira, colorindo a copa verde.

Já decorreram mais de sessenta anos desde que me mudei para esta casa. Na época, também me encantei ao ver, pela mesma janela, a mesma árvore frondosa, só que com umas poucas ramadas amarelas, tipo parasitas. Fiquei preocupada pensando: pobre árvore, dentro em pouco estará destruída.

Os anos foram passando e, nesta época do ano, as flores apareciam só que, aos poucos, ia aumentando a quantidade. E a árvore continuava firme, contrariando a minha previsão. Este ano, então, desenhou uma linda cortina amarela. Contemplo-a todos os dias. Mas as flores foram diminuindo e hoje só consegui ver uma ramada amarela.

Fiquei refletindo: o Brasil é como esta árvore. Periodicamente acontecem fatos, desagradáveis, deletérios, prejudiciais, depredadores. Mas nada consegue destruir a Mãe Pátria. Ela volta com sua força, com sua verdura espalhada em ramos e tronco fortes, firmes para enfrentar qualquer adversidade e agressão. Assim, estamos passando por provações, desafios terríveis, mas novos tempos virão pelas virtudes herdadas de momentos íntegros de nossa História.

Outra reflexão que me veio à mente vinda deste mesmo retângulo que liga meu quarto à paisagem exterior. Uma lembrança. Minha mãe começou a passar mal, corremos para o hospital. Pressão 28. O médico aplicou uma injeção. A pressão foi a 0. Eu estava perto dela e a vi morta. O médico aplicou outra injeção e ela foi voltando. No dia seguinte estava já boa, em casa. Eu estava na cozinha e, de repente, ouvi os gritos aflitos de minha mãe me chamando: “– Vem cá! Vem cá! Depressa!!!” Minhas pernas bambearam supondo nova crise de pressão. Custei a conseguir sair do lugar e correr até ela. Encontrei-a nesta mesma janela citada acima com ar extasiado, mostrando o céu: “Veja depressa a beleza das cores do céu antes que o sol desapareça de todo!!!” Quase desmanchei no chão, mas aí já era de alívio...

Minha mãe era assim, sensível, encantada com a natureza humana e material das obras do Criador. E a nova reflexão que me veio foi a seguinte: o que está faltando para a situação do Brasil, do Mundo é esta sensibilidade. As pessoas estão muito ressequidas pelas dificuldades que enfrentam e grande parte pela ambição, a qual destrói os bons sentimentos de amor ao próximo e traz consigo a miséria, a injustiça, a violência.

Um exemplo: nestes últimos dias, um anúncio que fora colocado num site, por um homem de 24 anos, morador na região metropolitana de Belo Horizonte, em relação ao bebê seu filho: “Vendo lindo bebê com 10 dias de vida. Homem lindo, com saúde total e comprovada. Ótimo investimento. Valor a combinar.”

Preso, disse que havia feito apenas uma brincadeira. Verdade ou brincadeira, muito triste! Há coisas com que não se brinca. Um dos sinais da crise de sensibilidade.

O suprassumo da sensibilidade é o Amor. E o suprassumo do Amor é o que está no mandamento maior: “Amar ao próximo como a si mesmo.” A prática deste mandamento é a solução para todas as crises, porque, como disse Virgílio em Écloga X, 69:

Omnia vincit amor. (O amor vence todas as coisas)


Publicado no “Correio da Cidade” em princípio de abril de 2016.

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