sábado, 2 de julho de 2016

IMPÉRIO DO CARINHO








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IMPÉRIO DO CARINHO
Avelina Maria Noronha de Almeida
avelinaconselheirolafaiete@gmail.com



Uma complementação ao meu artigo anterior, “O Império da Alegria”, com as palavras do grande escritor Rubens Alves em seu livro “Sobre Demônios e Pecados”: “Mais poderoso que o nome do demônio é o riso. Quando ele começa a atormentá-lo, ponha-se a rir. O demônio ou demônios que moram em você fugirão espavoridos. Porque, como disse Nietzsche, maravilhoso exorcista, os demônios são o ‘espírito da gravidade’ e não suportam a leveza do riso.” Então, vamos rir, gente! Mas o império de hoje é outro. É o império do carinho.

Se o riso é antídoto para a depressão e outros males que afligem a Humanidade, também o carinho pode ajudar o mundo a ficar melhor. Vou contar um caso que, por minha vez, ouvi contado em uma crônica há mais de quarenta anos. Esqueci o nome do cronista, cujos escritos eu lia sempre, mas, interessante, seu nome não me vem agora na memória, mas o que ele contou ficou gravado de forma tão forte em minha mente, tanto me agradou, que me lembro perfeitamente.

Uma senhora idosa, cuja residência era no centro de Belo Horizonte, vivia sozinha. Todos os domingos ia almoçar na casa de uma filha, alguns quarteirões adiante de sua casa. Num desses domingos, quando voltava para seu lar, viu um moço bem apessoado, parecendo “gente boa”, indo na mesma direção e, como estava um pouco cansada, resolveu recorrer a ele: “– Meu filho, poderia me ajudar a ir para casa?”. Ele concordou, deu-lhe o braço e foram caminhando.

A velha senhora começou a falar sobre sua vida, a visita que fazia todos os domingos à casa da filha. Que levava sempre as jóias na grande bolsa porque, sendo caríssimas, tinha receio de deixá-las em casa e serem roubadas. Mas que era um problema porque os netinhos abriam a bolsa e ficavam brincando com as jóias... E assim foi tagarelando, o moço sempre calado, até que chegaram ao destino. Abriu a bolsa procurando a chave e, muito desajeitada, não conseguia achá-la. Novamente recorreu ao moço: “– Meu filho, são muitas jóias e não estou conseguindo achar a chave. Veja se consegue achá-la e faça-me o favor de abrir a porta para mim...

O moço pegou a bolsa, achou lá no fundo a chave, abriu a porta e aí falou com ela: “– Agora a senhora entre e feche depressa a porta antes que eu me arrependa. Sou um ladrão e só não roubei a senhora porque, desde que eu era bem pequeno, nunca mais ninguém me chamou de “Meu filho!”

Quantos males poderiam ser evitados com palavras de carinho que despertassem forças positivas num coração! Bem disse Cecília Meireles no “Romanceiro da Inconfidência: “Ai, palavras, ai, palavras, / que estranha potência a vossa!”

E bem diziam também os latinos:
Verba mollia et efficacia. (As boas palavras custam pouco e valem muito)


Publicado em final de fevereiro de 2016

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