domingo, 3 de julho de 2016

GENEROSOS SÃO MEUS ARES E MINHA TERRA!








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GENEROSOS SÃO MEUS ARES E MINHA TERRA!

Avelina Maria Noronha de Almeida
avelinaconselheirolafaiete@gmail.com




Terríveis coisas têm acontecido: terremotos, furacões, tsunamis, destruições em massa, guerras, quedas e desaparecimentos de aviões, naufrágio de balsas, explosão de minas, desabamento de viadutos, deslizamentos de terras, derrames tóxicos, milhares de animais mortos por causa de óleo nos mares, enchentes, cursos d’água que secam... e tantas outras coisas.

Mas nunca fomos atingidos tão proximamente como nestes últimos dias, quando a vilazinha de Bento Rodrigues sumiu do mapa, uma comunidade enterrada sob a lama, com pessoas, animais domésticos plantas, casas...

Não conseguimos conter a emoção ao ver na televisão o pranto das pessoas, os depoimentos tristes de quem perdeu um familiar, de quem ficou sem sua casa e tudo o que nela se continha. Como impressionam as fotos daquela lama de rejeitos deslizando como as lavas de um vulcão, daqueles peixes mortos às margens do Rio Doce, levando a insalubridade em suas turvas águas.

A única coisa que ameniza um pouco a situação é a generosidade das pessoas de todas as partes, e a nossa cidade tem participado muito na meritória tarefa de socorrer as vítimas em suas necessidades.

Porém me veio um pensamento: será que, no dia a dia, as pessoas estão sendo generosas como nesses momentos de tragédia? No cotidiano: em casa, nas ruas, nas escolas, nos serviços... Infelizmente presenciamos, às vezes, muita ausência dessa virtude essencial para a felicidade humana. Nem sempre acontece a gratuidade de ajuda. A verdadeira generosidade só pensa em fazer o próximo feliz, apaziguado, consolado, esperançoso. É necessário ter também generosidade nos pequenos e nos grandes gestos da vida.

Vejam o que aconteceu comigo outro dia e que ilustra minhas palavras. Estava em frente à minha casa, do outro lado da rua. Em minha cadeira de rodas, esperava que acabasse a fila de carros que passavam para atravessar em segurança. Já haviam passados muitos veículos, parecia que não iam acabar. Foi então que falei “Depois daquele último que vem lá, vamos passar depressa.” Mas o referido carro parou e a pessoa sinalizou que atravessássemos. Quando passamos em frente ao carro, movimentei a mão em agradecimento e minha filha, que empurrava a cadeira, falou alto: “Muito obrigada!” Nós já estávamos seguras no passeio quando o carro se movimentou e, ao passar por nós, falou também alto: “Para a minha professora, até carrego água na peneira.” Tentei virar-me para ver o dono da voz, mas não consegui fazê-lo a tempo. Mas esse ato e essa frase generosa têm vindo sempre, desde aquele dia, em minha mente e como me faz feliz! E penso: como vale a pena ter sido professora! Se, por um acaso quem fez esse ato generoso ler este artigo, receba o meu “Muito agradecida, bondoso e querido aluno! Deus o abençoe!”

De tudo o que se está vendo, uma coisa é certa: o futuro do Mundo é preocupante. Que se aproveite o tempo praticando em todos os momentos a virtude da generosidade para amenizar os problemas e os sofrimentos do próximo. E que possamos também dizer como o romano Júlio César:

Aura terraque generosa. (Generosos sãos meus ares e minha terra)

Publicado no "Correio da Cidade" em novembro de 2015


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