domingo, 3 de julho de 2016

ATÉ A VENTANIA!...






Imagem da Internet





ATÉ A VENTANIA!...

Avelina Maria Noronha de Almeida
avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

A cada dia mais mudanças ocorrem no mundo. Quem começou sua vida na primeira metade do século XX, então, fica atordoado com tantas coisas que eram estabelecidas e sofreram variações incríveis. Hoje estamos em um século de indefinições. Quantas vezes deparamos com situações que perturbam e nos perguntamos. Onde está a verdade? Mudam constantemente ideologias, políticas, costumes, tecnologias, estéticas... e muito mais! É incrível!

Até a ventania mudou! Quando eu era pequena, ficava curiosa esperando agosto, dia 24, dia de São Bartolomeu, para ver a força do vento, que eu julgava ser especial naquela data. E pelo que lembro, naquele mês ventava muito mesmo. Nunca soube porque a correlação entre o santo e o fenômeno da natureza. Neste ano, não percebi fortes correntes de ar que configurassem uma diferença em relação aos outros meses. Será mais uma mudança na natureza?

No Brasil, não há grandes manifestações no Dia da Ventania, apenas alguma coisa no Nordeste. Em Minas Gerais era costume falar antigamente: “Hoje é dia de São Bartolomeu / Quem teu roupa vai à Missa / Quem não tem faz como eu”, mas em Portugal, na data em que é festejado o apóstolo de Jesus, São Bartolomeu, há muitas manifestações folclóricas como, por ser 24 de agosto considerado o dia em que o diabo anda à solta, para se defenderem da maldade dele são usadas várias estratégias, entre elas orações e simpatias no mar.

Em Ponte da Barca, por exemplo, existe a crença de que o diabo não gosta de sítios onde há música. Assim, acordeonistas e grupos musicais, que vêm dos arredores, invadem essa vila portuguesa e há procissões, concertos, exposições, feirinhas, apresentação de comidas típicas e outros festejos. Na noite do dia 23, as concertinas não podem parar de tocar para que seja afastado o diabo. O povo dança a noite inteira acompanhando os tocadores por todos os largos da vila. Para não se cansarem, vão se revezando na dança e na música até que amanheça o dia.

Essa tradição de Portugal, onde até hoje a tradição se manifesta com grande beleza, apresenta a música como protetora.

Na realidade, em qualquer época e lugar, a música exerce um poder benéfico acalmando a mente e o coração, afinando o espírito e agregando as pessoas num clima de harmonia. Felizmente, nossa cidade tem cada vez mais demonstrado amor à Música. É o que se comprovou na apresentação do projeto Concertos na Matriz, em 30 de agosto, na segunda etapa do Encanta Lafaiete, foi mais um grande passo no engrandecimento da história musical em nossa querida cidade. Parabéns ao maestro Geraldo Vasconcelos, aos seus músicos maravilhosos e ao excelente duo de violões Araújo – Reis!

Voltando ao assunto inicial, em tudo o mundo está mudando e, mais do que nos fenômenos da natureza, no modo de viver do ser humano:
“Tempora mutantur et nos in illis.” Os tempos estão mudando e nós com eles.

Publicado no "Correio da Cidade" de princípios de setembro de 2015.


Nenhum comentário:

Postar um comentário