domingo, 3 de julho de 2016

OURO! OURO! OURO!





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OURO! OURO! OURO!

Avelina Maria Noronha de Almeida
avelinanoronhalmeida@gmail.com


Nossa cidade nasceu sob o signo do ouro. Ouro cintilando nos veios dos leitos dos rios, de fácil extração; ouro pouco profundo nos tabuleiros da margem – os ouros de aluvião; e mesmo farto nas grupiaras, mais profundo, nas encostas do morro, nas proximidades da serra de Ouro Branco. Ali chegaram os bandeirantes que se transformaram em mineradores e, juntamente com os pacíficos Carijós, na Passagem, em terras próximas a Gagé, começaram um aldeamento.

Em busca da riqueza em outros lugares, aqui sempre passavam bandeiras. Para alimentar esse povo, começaram as plantações nos vales que se estendiam em volta do planalto onde se desenvolveu o arraial e acabou que o lugar se tornou um dos celeiros de Vila Rica, tanto era o produto da terra fértil. Dessa maneira, veio outro ouro, o ouro das trocas, e o lugar se tornou um empório comercial. As preciosas barras douradas garantiam conforto, prestígio e poderio. Até os altares eram embelezados com o metal nobre.

Mas, com o tempo, o ouro veio a pesar nas costas da gente do Campo Alegre dos Carijós, nas costas e na alma daquele povo sobrecarregado pelo Quinto do Ouro. Diziam: “O Rei está tirando o ouro da nossa boca”. E, aí, surgiu um ouro de maior quilate. Um ouro legítimo no espírito de uma raça nova e forte, formada pelo amor à liberdade dos índios, pelos braços rijos dos escravos, pelos arroubos de civilização dos brancos. Era o ouro da Cidadania, que cintilava nos movimentos reivindicatórios, principalmente no desejo forte de liberdade. Foi assim que, em 19 de setembro de 1790, há 225 anos, o pedido de gente tão forte alcançou a independência e o arraial se fez Real Villa de Queluz.

Porém não ficou apenas nisso...

Veio outro ouro, igualmente puro, extremamente valioso, que brotou na mente e no coração dos nossos conterrâneos desde séculos passados e se manifesta até hoje em atuações políticas, em obras literárias e artísticas. São tantos os nomes que iluminaram e continuam a iluminar com essa nova riqueza que brota a cada dia mais! Como exemplo, o ilustre Conselheiro Lafayette Rodrigues Pereira, um luminar na Política, no Direito e nas Letras.

Aquele primeiro ouro ainda existe, creio que em grande quantidade e valor, escondido nas profundezas de nosso chão. O ouro das trocas comerciais, mesmo em época de crise, ainda constitui um galardão em nossa economia. O ouro das mentes, dos corações e das mãos resplandecem maravilhosamente em nossa Cultura.

Mas não acaba aí a existência do ouro em nossa querida Conselheiro Lafaiete.

Neste setembro em que se comemora a nossa Data Magna com a assinatura do documento por D. Maria I nos presenteando tão regiamente, descobri mais um singular tesouro dourado em Conselheiro Lafaiete, como se a natureza escrevesse uma metáfora também homenageando a nossa cidade na tradição de sua origem.

Observem ao derredor, ao circularem na cidade, ou passando em estradas próximas daqui, neste mês tão significativo para nós, queluzianos e lafaietenses, veremos que o ouro está pendurado nos ipês amarelos e se derrama em plantas floridas baloiçando ao vento, ou rasteiras formando tapetes nas margens dos caminhos lindamente coloridos de vivo amarelo.

Por tudo isso, nossa terra é sempre ouro, de várias espécies e belezas, mas sempre OURO, OURO, OURO!

Publicado em fins de setembro de 2015.







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