segunda-feira, 4 de julho de 2016

UM GRANDE CIENTISTA LAFAIETENSE







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UM GRANDE CIENTISTA LAFAIETENSE

Avelina Maria Noronha de Almeida
avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

A mídia tem chamado muito a atenção sobre o Dia Mundial da Tireóide,  comemorado no dia 25 de maio, desenvolvendo-se, na semana em que ocorre a data, ações de sensibilização e esclarecimentos sobre os problemas de saúde decorrentes de mau funcionamento desse órgão, os meios de prevenção e o tratamento das moléstias em que ele se envolve. Cerca de trezentos milhões de indivíduos em todo o mundo têm disfunções tireoidiana.

Há um provérbio chinês que diz: “Mais vale salvar uma vida humana do que construir um pagode de sete andares”. É o que fazem os médicos procurando a cura das doenças. Um médico lafaietense dedicou-se, de maneira especial, ao problema da disfunção da tireoide: Dr. Álvaro Lobo Leite Pereira, que desenvolveu importante trabalho científico sobre o bócio endêmico.

Nos primeiros anos da década de 40, quando eu cursava o primário no Colégio Nazaré, tive contato com o grande cientista. Duas vezes por semana, a garotada ficava ansiosa pela hora do recreio. É que ali aparecia um médico que nos dava duas balas, quadradas, avermelhadas: balas de iodo. Uma delícia!...

Fabricadas na Fábrica de Balas do Barão, como era chamado o Henrique Nogueira de Faria, o médico ficava presente para verificar a dosagem e vigiar que nenhuma criança aproveitasse as rapas, como acontecia sempre.

Com o trabalho do cientista, a minha geração crescia ficando cada vez mais vacinada contra o bócio, grave problema muito comum nestas paragens distantes dos ares marítimos.

Dr. Álvaro era filho do engenheiro Francisco Lobo, que dá nome a uma das ruas de nossa cidade. Já havia feito parte da equipe do Dr. Carlos Chagas, que, em Lassance, descobriu o Trypanossoma e seu veículo, o barbeiro, realizando excelentes trabalhos em Bambuí sobre o assunto.

No período de 1942, foi designado para realizar estudos sobre a etiopatia e a profilaxia do bócio endêmico em Minas Gerais, especialmente no município de Conselheiro Lafaiete, realizando inquéritos sobre a doença e organizando um eficiente plano de profilaxia. Aqui ele criou o primeiro Centro de Pesquisa do Bócio Endêmico, no Brasil. Seu trabalho foi reconhecido em sua pátria e na França. Naquela época, residia à rua Tavares de Melo.

Dr. Álvaro defendeu ardorosamente o emprego do iodo no sal como a solução mais eficiente e econômica de profilaxia e erradicação do bócio endêmico nas regiões interioranas.

Quando faleceu, no Rio de Janeiro, em 20 de julho de 1950, estava ajudando a implantar o sal iodado no Estado do Rio de Janeiro.

Pouco depois, os meios científicos e a administração pública promoveram a introdução do sal iodado na cozinha do brasileiro, passando a ser obrigatória por imposição legal, inicialmente com a Lei nº 1944, de 14/08/1953, obrigando a iodetação nas regiões bociógenas. A Lei nº 6150, de 03/12/74 preceitua o uso em todo o território nacional.

Esse notável lafaietense se tornou digno de nossa admiração porque, como diz o provérbio latino:
"Laborum aedificat." (O trabalho edifica)

Publicado no "Correio da Cidade".


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