segunda-feira, 4 de julho de 2016

REVERENCIANDO O PASSADO








Acervo Pessoal


REVERENCIANDO O PASSADO

Avelina Maria Noronha de Almeida
avelinaconselheirolafaiete@gmail.com



No último dia 25 de junho houve uma Sessão Solene na Câmara Municipal de Conselheiro Lafaiete a qual, juntamente com o Projeto Memória Viva de Queluz, com o Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais e com o Arquivo do Conhecimento Cláudio Manuel da Costa, comemorou o ato de adesão e reconhecimento da Câmara de Queluz, no dia 14 de junho de 1842, ao Movimento Liberal de 1842.

Assinaram essa adesão os seguintes vereadores da época: Joaquim Rodrigues Pereira, Joaquim Ferreira da Silva, Gonçalo Ferreira da Fonseca, Joaquim Albino de Almeida e Felisberto Nemésio Nery de Pádua.

Foi focalizado especialmente, nesse evento, o estrategista Marciano Pereira Brandão por sua brilhante atuação no desenrolar da situação bélica.

Conta o livro do CÕNEGO MARINHO, que participara do conflito, que o capitão MARCIANO BRANDÃO “aderiu cordialmente ao Movimento e que, com lealdade e zelo, serviu até o último instante”. Estando Queluz sob o domínio dos Legalistas, e parecendo a situação impossível de reverter para um resultado positivo que premiasse os liberais, o CAPITÃO MARCIANO deu o seu parecer sobre a situação dizendo que poderia tomar a vila de Queluz. Assim relata o Cônego Marinho:

“Propôs ele, então, que se lhe confiassem duzentos homens (talvez tenham tido dúvida sobre a eficiência do plano porque lhe confiaram apenas 150), com os quais iria, naquela mesma noite, sem que o pressentissem os Legalistas, ocupar as estradas de Ouro Preto, Congonhas e Suaçuí; que no dia seguinte (25 [de julho]) fosse uma das colunas acampar defronte a Vila, na Estrada do Rio de Janeiro, e outra na de Itaverava, as quais deviam ir sucessivamente apertando o cerco até que os Legalistas se concentrassem todos na povoação, caso em que lhes seriam tomadas as fontes e eles, obrigados pela sede, entregar-se-iam à discrição).”

Assim foi feito. Marciano Pereira Brandão, excelente estrategista, com sua proposta, levou os liberais à vitória. Aliás, Queluz foi o único lugar em que as tropas Legalistas foram vencidas, para se ver a importância do fato. Ao amanhecer do dia 26 de julho (data que deve ser sempre comemorada em nossa cidade), a tropa legalista, com lenços brancos na ponta das baionetas, entregou-se.

Foi assim que Marciano Pereira Brandão inscreveu seu nome nas páginas da História de Minas Gerais. Duvidaram do sucesso de seu plano porque a cidade de Queluz dominada pelos legalistas parecia impossível de se tomar. Porém o queluziano da localidade de São Gonçalo foi valente, teve confiança em sua estratégia e ousou. Alcançou a vitória pois uma deliberação arriscada, porém firme, bem refletida e executada, tem grande probabilidade de ter êxito.

Como disse Virgílio, poeta da antiga Roma (Eneida, X, 284):
Audentes fortuna iuvat. (Aos ousados sorri a fortuna)


Publicado no "Correio da Cidade" em princípio de julho de 2015.

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