sábado, 18 de janeiro de 2014

VOCAÇÃO DE UMA CIDADE







Imagem da Internet





VOCAÇÃO DE UMA CIDADE
Avelina Maria Noronha de Almeida



Quando, em 1964, Manuel de Camargo, seu cunhado Bartolomeu Bueno de Siqueira, seu genro Miguel Garcia de Almeida e Cunha, seu sobrinho João Lopes de Camargo passaram, com sua bandeira, na terra habitada por índios carijós e bandeirantes mineradores, o Arraial do Campo Alegre dos Carijós teve sua existência oficializada. E aí começou sua vocação hoje proclamada de cidade dormitório e entreposto comercial.

Ressalvo que não é apenas dormitório, porque existe uma base familiar tradicional que atravessou séculos, e muitas famílias que vieram nos primeiros tempos continuaram aqui sua história de vida até hoje. Mesmo que muitos de seus componentes tenham buscado outras paragens, aqui ficaram as árvores frondosas dos primeiros troncos genealógicos. Mas também é grande o número daqueles que vêm de fora, trabalham em outras localidades e aqui têm seu lar onde descansam, no final do dia ou nos fins de semana, o corpo cansado da labuta pela sobrevivência digna.

Entreposto comercial porque, quando aquela bandeira passou em busca de mais territórios onde o ouro era farto, primeiro Itaverava, depois Guarapiranga, Mariana, Ouro Preto, Catas Altas, como Carijós era passagem obrigatória para esses lugares, aqui faziam plantações que lhes forneceriam alimentação.
Assim, este nosso recanto rodeado de montes tornou-se o pouso para bandeirantes e outros viajantes que acorreram para as minas auríferas da região e o celeiro para todos os arraiais que se iam formando em torno do arraial dos Carijós. Foi assim o início do nosso desenvolvimento: pela situação do nosso arraial como polo geográfico.

Com o tempo foi aumentando a criação de animais, especialmente muares, as plantações de cana de açúcar e outros produtos da terra. E o raio de ação do comércio queluziano ia longe... Francisco de Paula Ferreira de Rezende, que foi juiz em Queluz, para onde veio em 1857, em seu livro “Minhas Recordações”, diz que Queluz era um dos celeiros de Ouro Preto naquela época. As colchas feitas em São Gonçalo iam até para princesas na Europa.

No caminhar da História, foram aumentando os produtos, as Violas de Queluz extrapolaram até os limites da Província, depois Estado. Foram aparecendo novas ofertas de condições de vida até que essa caminhada brilhante chega aos tempos de hoje merecendo o resultado da pesquisa feita pelo Ibope Inteligência (uma das mais importantes empresas que estuda o comportamento e as opiniões dos cidadãos e consumidores latino-americanos, oferecendo diagnósticos muito respeitados) a pedido da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping ( Alshop) e colocada no Atlas de Shopping.

Esse resultado é o seguinte: Conselheiro Lafaiete, pela sua posição estratégica de polo regional, pela demanda de consumo anual, com forte influência em 11 municípios no entorno da cidade, pela expansão das indústrias de mineração e siderurgia na região, é a segunda melhor cidade para abrigar um centro industrial no País.

Maravilhosa notícia para aumentar a nossa autoestima cidadã. Mas não nos esqueçamos da advertência latina, que nos aconselha: acima do progresso material, está a dignidade e a honra de uma cidade:

Virtute Plusquam Auro. (Pela virtude mais do que pelo ouro)

Nenhum comentário:

Postar um comentário