domingo, 8 de dezembro de 2013

DIA DE LEMBRAR




















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DIA DE LEMBRAR

Avelina Maria Noronha de Almeida
avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

“Dizem que você morre duas vezes. Uma vez quando para de respirar e uma segunda vez um pouco mais tarde, quando alguém diz o seu nome pela última vez.” Deveria ir um pouco mais adiante: ou quando alguém ler o seu nome ou se lembrar de você. Esta frase de Banksy, um grafiteiro inglês famoso, trouxe-me reflexões pela passagem do Dia de Finados.

É uma data que traz de maneira mais forte a lembrança dos entes queridos que já se foram. Não é que tenhamos nos esquecido deles, mas é algo especial. Dia de levar flores aos túmulos e orar. A frase do início diz da importância de venerarmos a lembrança de quem passou pelo mundo.

Esse tema da existência após a morte tem sido muito estudado e vertentes diversas procuram explicações, mas, afinal, tudo ainda é um mistério abordado em teorias e ficções. Na década de 40, um filme fez o encantamento da criançada: “O Pássaro Azul”, com a menina prodígio Shirley Temple (há algum tempo fizeram uma versão nova, porém a mais antiga é imperdível). Dois irmãozinhos, Mytil e Tyltil, indo por toda parte procurando um pássaro azul, chegando ao passado, vêm os avós sentadinhos em um banco e dormindo. Ao se aproximarem, os velhinhos acordam e começam a conversar com os netos. E a avó diz: “– Estamos mortos só quando somos esquecidos”. Depois ainda diz outra frase significativa: “– Todas as vezes em que se lembram de nós, acordamos. Lembrem-se da gente. Não sabem como isso é importante!”

Quem sabe a ficção, algumas vezes, intua alguma realidade encoberta...
Por isso fico gosto de ver aquele mundo de gente no Dia de Finados, lembrando-se carinhosamente de seus mortos.

Muitas pessoas, porém, passam-se os tempos, os parentes que conviveram com elas também morrem, e elas ficam esquecidas. Quem não teve oportunidade de seu nome ter aparecido em algum livro ou algo que fique preservado, vai indo cai no esquecimento.

Um lafaitense de coração muito grande, Gilberto Victorino de Souza, que deixou quatro livros de crônicas, Recordar e Viver” e conteúdo para mais seis livros em jornais de nossa terra, focalizava destaques da história, vultos importantes, mas também fazia belas crônicas focalizando lafaietenses, às vezes pessoas grandiosas no seu viver, mas longe de holofotes ou de mídias que lhes dessem destaque. Quantas pessoas moradoras em nossa cidade de quem eu nunca tinha ouvido falar o nome, fiquei conhecendo e admirando pelas crônicas de Gilberto, onde ele fazia referências à existência dessas pessoas quando elas faleciam. E esses nomes estarão, por muito e muito tempo, preservados nas bibliotecas, porque os quatro livros desse escritor são maravilhosas fontes de pesquisa que deverão sempre ser consultadas. Faço a ele uma homenagem neste artigo.

Quando eu tinha 16 anos, li uma frase que me impressionou muito e nunca esqueci: “Devemos tratar as pessoas como se elas fossem morrer amanhã.” O mundo poderia ser melhor se muitas e muitas pessoas conhecessem essas palavras e pensassem dessa maneira, agindo sempre assim com seu próximo, aproveitando, com amor fraternidade, os episódios da convivência.

Sobre a lembrança de nossos falecidos, bela a frase de Cícero em Philippica 9.10:
Vita mortuorum in memoria est posita vivorum. (A vida dos que morreram está guardada na memória dos vivos)

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