domingo, 8 de dezembro de 2013

CAMPO ALEGRE DOS CARIJÓS





















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CAMPO ALEGRE DOS CARIJÓS

Avelina Maria Noronha de Almeida


           
Com o nome “Campo Alegre dos Carijós” iniciou-se a nossa terra. Vindos da Amazônia, os Carijós desceram o litoral em busca da “terra sem males”, um lugar paradisíaco segundo sua crença religiosa. Embora catequizados, nossos índios conservavam certamente muita coisa de sua religiosidade. Mata luxuriante, ribeirões e regatos brilhando ao sol pelo ouro que carregavam, ar puro, muita fruta, julgaram ser o paraíso procurado e resolveram ficar no aprazível vale.
           
Mas quem teria dado esse nome que acabou permanecendo até 1790? E por que alegre? Seria pela encantadora natureza, batida pelo sol, alegria para quem a visse?

Alegam alguns historiadores que os Carijós eram apenas mestiços. Mas no“Suplemento ao Vocabulário Português e Latino, que acabou de sahyr à luz”  editado no ano de 1721, de Padre D. Rafael Bluteau, o verbete “Carijós”, os apresenta como “gentio do Brasil”. O que é uma confirmação de sua natureza como raça indígena.
           
Outro livro, mais antigo ainda, “Notícias curiosas e necessárias das cousas do Brasil”, escrito pelo Padre Simão de Vasconcelos, publicado em 1668, diz que esses gentios acreditavam na imortalidade da alma e na outra vida; para eles, os corajosos, após sua morte, teriam uma recompensa: “...se ajuntam a ter seu paraíso em certos vales, que eles chamam campos alegres (quais outros Elísios) e que ali fazem grandes banquetes, cantos  e danças.”. Campos Elísios eram um paraíso pré-helênico, de acordo com a mitologia, lugar envolvido por uma perpétua luz rosa, cheio de árvores e ventos suaves onde os bons, após a morte, viviam em paz e perfeita felicidade.
           
Os Carijós, deram ao vale que margeia o Rio Bananeiras, o nome de “campo alegre”, ao qual chegaram sem ter passado pela morte. Os brancos, que chegaram depois, complementaram: “dos Carijós”. Formou-se, assim, um elo entre a denominação conservada mesmo após a extinção da tribo e as anotações do século XVII, provando a natureza de “gentios” dos primeiros habitantes, clareando um dos pontos brumosos do início de nossa cidade. E mais: vê-se que o “Alegre” não se referia apenas à natureza bela mas, também, às manifestações de alegria em “banquetes, cantos e danças” que seriam usuais entre eles.
             
Confirma-se também a localização da tribo na parte abaixo da linha férrea, por ser um vale, um campo, como o nome sugere.
           
Disse Francisco de Paula Ferreira Rezende, Juiz de Direito em Queluz em meados do século XIX, que o nosso povo era muito festeiro e que todos contribuiam para as festas. Seria um Campo Alegre de Queluz?
           
E atualmente não encontramos sinais do Campo Alegre nos nossos Encontros de Corais, de Bandas, de Congados, nos Festivais de Teatro e em outras festividades?
           
Como diz a frase latina:

            Mutantur do omnia, interit do nihil. (Tudo muda, mas nada é perdido verdadeiramente)

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