sábado, 19 de fevereiro de 2011

ERRARE HUMANUM EST




Crônica publicada no Correio da Cidade, de Conselheiro Lafaiete, em janeiro de 2010.


ERRARE HUMANUM EST

Avelina Maria Noronha Almeida




No artigo anterior, uma distração minha: palavra incorretamente grafada.
“Errar é humano”, porém considero uma irresponsabilidade não corrigir o erro. Assim, a tradução correta de Abundans cautela et callus galinaceus non nocet é: Cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. As frases latinas nos artigos são uma forma de reverenciar a memória do querido amigo Allex, que tanto utilizou o idioma de Cícero e Virgílio neste local.

Em outros tempos, toda pessoa verdadeiramente culta era versada em Latim, também usado nas missas e, como em quase todas as partes do mundo havia uma igrejinha e um padre católico, podíamos falar na universalidade daquele idioma.

Na antiga revista Manchete, li uma crônica na qual o autor conta que estava na Suíça representando o Brasil em um congresso. As reuniões aconteciam em seminário localizado num cantão suíço. Os congressistas ficavam hospedados em um hotel e, toda manhã, eram levados, de ônibus, ao local das reuniões, o qual ficava relativamente distante. No último dia, quando haveria a votação sobre o assunto em pauta, o cronista perdeu a hora e, ao chegar no saguão do hotel, verificou que o ônibus já havia ido embora. Apavorou-se. Uma grande responsabilidade estava em suas mãos. O gerente do hotel arrumou um táxi e explicou o destino ao chofer. Já grande trecho rodado, de repente o homem se embaralhou e não sabia que rumo tomar. O brasileiro, tendo feito o trajeto vários dias seguidos, tentou dar umas pistas que ajudassem. Falou em francês, língua oficial do lugar, mas o homem não entendeu; somente conhecia o dialeto do cantão. Nos vários lugares em que pararam, ninguém também entendia outra língua. Continuaram a rodar sem rumo. De repente o congressista, já totalmente desorientado, visualizou ao longe uma batina. Um padre. Sinalizou para o chofer ir até ele, que também só falava o dialeto local, mas conhecia bem o Latim, no qual o brasileiro e ele se comunicaram perfeitamente. Orientado pelo sacerdote, o chofer conseguiu chegar bem a tempo de o diplomata dar o seu voto.

São coisas de tempos passados, quando o Latim fazia até parte do currículo do ginasial. Tempos nem sempre valorizados quando os vivemos. Por isso valorizemos o hoje porque...

Praeteritum tempus umquam revertitur. Tempo perdido não se recupera.



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