sábado, 19 de fevereiro de 2011

ECONOMIA E VIDA



Publicado no Correio da Cidade, de Conselheiro Lafaiete, em março de 2010


ECONOMIA E VIDA
Avelina Maria Noronha de Almeida




O macedônio Alexandre Magno, o mais célebre conquistador do mundo antigo, era valente e generoso, mas sabia também ser cruel em certas circunstâncias que impedissem a realização de seus desejos. Considerava-se um deus, tanto que exigiu dos gregos e macedônios a prokynesis, isto é, que, prostrados as seus pés, beijassem a poeira diante dele. Sua ambição era desmedida. Mas em toda a sua grandiosidade um dia, ao empreender a conquista da África, recebeu uma lição numa aldeia que invadira, habitada somente por mulheres. Ali chegando, faminto, mandou que lhe trouxessem pão. Seu pedido foi atendido de maneira singular: numa bandeja, um pão feito de ouro. Alexandre exasperou-se. Queria um pão para comer. Retrucou-lhe a mulher:
- Vieste de tão longe conquistar a nossa aldeia só para comer um pão?
Alexandre, o Grande, recebeu, daquela humilde mulher, uma lição de sabedoria, pois aquelas palavras condensaram toda a fatuidade, todo o vazio e despropósito da ambição humana, que é, fundamentalmente, o sonho e poder e de riquezas, que pode ser ainda reduzido ao desejo do dinheiro.
Economia é o setor da vida humana que estuda e controla a distribuição dos recursos e valores materiais entre os vários indivíduos. Éticamente se preocupa com o uso controlado de dinheiro, para que não seja gasto com coisas inúteis ou prejudiciais.
A Campanha da Fraternidade – 2010 Ecumênica, do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil, tem como tema “Economia e Vida”. Muito bem escolhido o tema, atualíssimo, porque, mais do que nunca a economia mundial tem sido cruel e injusta, merecendo a atenção de pessoas de boa vontade.
Há uma frase latina que, de forma pitoresca, mostra a armadilha que arma a ambição para aqueles que se tornam seus seguidores: Inexplebile dolium avaritia et libido habendi (Ambição e desejo de possuir, barril que nunca fica cheio). Nunca se sentirão verdadeiramente satisfeitos e felizes. Platão previu a decadência do pensamento e da civilização grega, que alcançara o topo da montanha, quando disse que Atenas, representante máxima do esplendor grego, foi perdendo seu valor quando “a encheram de portos e docas, de muros e de tributos, em vez de a encherem de retidão e esperança”.
Não se pode menosprezar o valor do dinheiro e da Economia no desenvolvimento e da Humanidade. O dinheiro pode trazer muitos benefícios. O que está errado é seu consumo exagerado por uma parte da humanidade, seu uso para destruição e para várias formas do Mal. É revoltante a desigual e injusta distribuição de recursos aos habitantes deste nosso mundo, sem respeitar as necessidades reais dos povos, principalmente dos mais pobres.
Mais uma vez usando a língua do poeta Horácio, um alerta de moderação para combater o prejudicial consumismo moderno:
Uti, non abuti” (Usar, não abusar).

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