domingo, 14 de fevereiro de 2016

GRATIDÃO DAS FLORES






GRATIDÃO DAS FLORES

Avelina Maria Noronha de Almeida

Artigo publicado no Correio da Cidade em dezembro de 2015

Escorregando na esteira do tempo... Décadas e décadas atrás. Praça Tiradentes antiga. Num dos canteiros, alguém vai fofando a terra em volta das flores, tirando os matinhos em volta delas, acariciando-as com o olhar. E assim procede em todos os canteiros. É um jardineiro. Seu nome? Agostinho. Quem é da minha idade, ou mais novo que eu, e ler este artigo, vai se lembrar dele, de baixa estatura, um metro e meio mais ou menos. Era funcionário municipal e o jardim daquela praça estava sobre a guarda dele.

É a “seu Agostinho” que, representando todos os jardineiros do passado e do presente de nossa cidade, que homenageio pela passagem do Dia do Jardineiro, que acontece no dia 15 de dezembro.

Em seu livro “Lafaiete – DE GETÚLIO A JK – TRÊS DÉCADAS DA VIDA DE UMA CIDADE”, José de Assis Silva conta casos interessantes sobre esse nosso jardineiro, falando do nervosismo dele quando eram ameaçadas suas florezinhas pelas pisadas dos rapazes que ficavam à beira dos canteiros, vendo as moças passarem, no footing que ali acontecia nos domingos à noite, e que, afoitamente pisavam nas plantas. E o autor comenta jocosamente: “Para o jardineiro, os rapazes podiam namorar as Rosas e Hortênsias, mas que deixassem as suas rosas e hortênsias em paz.”

Lembro-me muito bem das cuidadas hortênsias do “seu” Agostinho em volta da fonte luminosa, naquele tempo um espetáculo, com suas “águas dançantes”, que iam rodando enquanto, de dois a dois, jorros de água de cores diferentes subiam se entrelaçando. Um espetáculo fascinante! Porém não me lembrava das outras flores que enfeitavam a praça. Quem me fala sobre elas é, com sua memória prodigiosa, minha amiga Therezinha, que foi professora no Grupo Escolar Pacífico Vieira:

“Eram, além das hortênsias, cravinas de rosa vivo, rosinhas, cravos, amores-perfeitos, papoulas (no canteiro da extremidade da praça que dava para a Matriz) e, em volta dos canteiros, bem cuidadas cercaduras verdes.”

Enfim, era um primoroso jardim, com flores de diversificados desenhos, aroma e cores de tonalidades diferentes. Tudo lindo, brotado e conservado graças ao empenho, ao cuidado, à sensibilidade e ao toque mágico das mãos de “seu” Agostinho.
Quem sabe agora ele estará cuidando de um jardim encantado nas paragens etéreas?
Ao amoroso jardineiro da Praça Tiradentes, as flores daquele tempo agradecem.

Certamente agora “seu” Agostinho estará colhendo as belas flores da felicidade eterna, porque, como diz o ditado latino:

Sementem ut feceris, ita metes. Cada um colhe conforme semeia.

Observação: Na foto colocada no artigo, no meio da praça, está o jardineiro Agostino com seu regador.



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