sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

NOSSOS ÍNDIOS CARIJÓS



























Óleo em tela de Marília Batista Albuquerque

Arquivo Pessoal





NOSSOS ÍNDIOS CARIJÓS

Avelina Maria Noronha de Almeida



No site da cidade de Itu, o articulista Mylton Ottoni faz um pedido a seus conterrâneos: “Neste Dia do Índio, nós, ituanos, bem podemos voltar nossa atenção para aqueles irmãos que habitavam nosso pedaço antes de existir Itu, os Carijós...” Seguindo o exemplo do ituano, neste texto presto minha homenagem aos nossos Carijós pela passagem do Dia do Índio.

Segundo Lúcio Costa, os Carijós vieram da Amazônia. Traços delicados, temperamento brando, eram os mais mansos numa escala de agressividade das tribos e tinham relação amigável com os homens brancos, sendo as mulheres as mais belas da gentilidade.

Em 1549, Nóbrega, na “Informação das Partes do Brasil”, dizia serem eles vistos como um “gentio melhor”, e os cronistas coloniais, em seus registros, escrevem que, na chegada dos portugueses ao Brasil, “os carijós foram apresentados como um reconhecimento feliz”. E as primeiras impressões decorrentes do contato inicial entre europeus e gentio os mostram como índios “dóceis, bondosos e bonitos”.

Aníbal de Almeida Fernandes estima que, na época do Achamento do Brasil, havia de 500.000 a 1 milhão de indígenas, sendo os dois maiores grupos os Carijós e os Tupinambás, ambos com cerca de 100.000 indígenas.

Na chamada “diáspora”, eles se dispersaram descendo pelo interior ou pelo litoral, criando novas aldeias, “cotias”, até chegar no litoral do Sul, procurando a Yvy marã ei (a “Terra Sem Males”), onde as plantas nasceriam por si próprias, a mandioca já vinha transformada em farinha e a caça chegava morta aos pés dos caçadores; um lugar sem envelhecimento, morte ou sofrimento.

Quando chegaram a nossa terra, pensaram ter encontrado a “Terra Sem Males. Com a passagem tempo, a situação feliz se modificou, por isso uns fugiram internando-se nas matas; entre os que ficaram, muitos morreram na terrível seca que assolou a região; outros foram mortos pelos homens brancos desejosos de suas mulheres ou, muitas vezes, enfraquecidos pelo excesso de bebida ou vitimados pelas doenças dos brancos, para as quais não tinham resistência.

Mas, se aos poucos desapareceram como gentio, permaneceram fortemente na nova raça formada pela miscigenação com o branco e com o africano, estando até hoje presentes no sangue que corre nas veias de grande parte dos lafaietenses.

Assim, os primeiros donos de nosso rincão não foram vencidos pelos posteriores habitantes. Aqui chegaram, viram o solo fértil e vigoroso parecido com a sua “Terra Sem Males” e venceram pela permanência em nossas etnia e história. É como se a índia altiva da praça Tiradentes, representando sua gentilidade, dissesse, como César participando ao Senado a sua vitória sobre Farnaces II, rei do Ponto:

“Veni, vidi, vici” (Cheguei, vi e venci).

Nenhum comentário:

Postar um comentário