sábado, 14 de janeiro de 2012

UMA COMOVENTE HISTÓRIA






UMA COMOVENTE HISTÓRIA
                                    Avelina Maria Noronha de Almeida
                                     avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

            Já se aproximam as músicas e as luzes natalinas. Existem muitas histórias sobre a noite em que nasceu o Deus Menino. Uma delas, verídica, ocupa um lugar especial entre as que conheço.
            Aconteceu numa noite fria de 24 de dezembro de 1914, durante a Primeira Guerra Mundial, quando as  batalhas em solo da França e da Bélgica eram  sangrentas e cruéis. Soldados alemães e ingleses, afundados na lama de suas respectivas trincheiras, que se confrontavam numa linha paralela, estavam em alerta pela ameaça de ataques inimigos. Entre eles, um espaço de umas dezenas de metros, a “terra de ninguém”, com suas cercas de arame farpado e o solo coberto  por  mortos dos dois exércitos.
            De repente, os britânicos começaram a ver luzes tremeluzindo na trincheira alemã. Assustados de início, temendo alguma cilada, descobriram serem árvores de Natal iluminadas. Em seguida, ouviram músicas natalinas cantadas pelos soldados inimigos em alemão. E o que fizeram? Cantaram também: “Silent Night”... Passaram    a aplaudir-se. Um alemão que sabia falar inglês gritou: “A Happy Christmas to you, Englishmen!” (Um Feliz Natal para vocês, ingleses!). Os ingleses cortesmente retribuíram. Um alemão, desassombradamente, correu pela “terra de ninguém” em direção à trincheira inglesa. Um inglês atravessou a cerca de arame e foi ao encontro dele.  Outros os seguiram e, dentro em pouco, naquele espaço perigoso, abraçavam-se os inimigos, trocando entre si presentes como bebidas, cigarros, jornais, doces, até bolos que haviam recebido de casa.
            O estrondear da artilharia cessou, os canhões ficaram silentes. Começou, assim, a trégua de Natal. Juntos os soldados, até pouco antes tentando se matar uns aos outros, fizeram uma fogueira iluminando a noite escura e, reunidos em volta dela, se confraternizaram durante toda a noite. De manhã, um inglês sugeriu enterrarem os mortos de ambos os lados que estavam na “terra de ninguém”. Os alemães concordaram e, depois de rezarem juntos o Salmo 23, “O Senhor é meu Pastor e nada me faltará...” alemães e ingleses enterraram seus companheiros no meio daquele espaço, em uma só e grande cova.
            A confraternização continuou. Achando uma bola na trincheira, realizaram bela partida de futebol, que só terminou quando a bola bateu na cerca e foi furada pelo arame.
            Naquela mágica noite, em vários outros locais do campo de batalha, aconteceram cenas semelhantes. Uma delas, envolvendo de um lado alemães e do outro franceses e seus aliados escoceses, inspirou o aplaudido filme “Feliz Natal”, de Christian Carion.
Infelizmente, passada a trégua abençoada, a guerra continuou, mas aqueles momentos ficaram como mensagem de que, se houver boa vontade, a Paz pode acontecer. Aos leitores, na língua de Virgílio, um “Feliz Natal e Próspero Ano Novo”:
Natale hílare et Annum Faustum!

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