sábado, 14 de janeiro de 2012

AS LIÇÕES DO TEMPO




AS LIÇÕES DO TEMPO
                                                  Avelina Maria Noronha de Almeida
                                                           avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

No livro “Nossa Vida”, Maria José Gersparcher Schimitz conta que seu avô paterno, Albert-Joseph Gersparcher, veio da Suíça para construir  a Usina Esperança, depois Usina Queiroz Júnior, em Gagé. Seu filho Joseph casou-se na família Furtado de Mendonça, que residia no casarão do Barão de Suassuí, hoje chamado Castelinho. A escritora conta, com muita graça, ocorrências de sua meninice, principalmente quando, ficando viúvo, Joseph foi residir com os filhos na casa do sogro. Maria José relembra uma passagem de ano.
"Quantas vezes, em companhia do papai, esperava a chegada do Ano Novo, em uma das sacadas, no salão. [...] Não havia luz elétrica nas casas e nas ruas, e eu olhava ansiosa, esperando ver surgir de dentro da escuridão alguma coisa diferente que seria o Ano Novo. O papai contava: ‘ – Lá se vai o Ano Velho, de barbas brancas, velhinho e tristonho, ninguém mais se importa com ele. Vem chegando o Ano Novo, menino bem pequeno ainda, carregando sua trouxinha, e todos esperam alegres, cheios de esperança, com grandes festejos.’ Ficava com tanta pena do Ano Velho que tinha vontade de chorar."
            Essa simbologia da passagem de ano é comum. Algo que se acaba e algo que se inicia. Mas a realidade não é tão simplista. O ano que chega “carregando sua trouxinha” recebe uma herança, patrimônio importante que será a base de seus passos e lhe é  passado pelo “velhinho tristonho”. A concretização de esperanças, sonhos, propósitos, aspirações, desejos de mudança e progresso depende muito do que aconteceu nos 365 dias que encerram sua caminhada.
O Ano Novo, chamado “réveillon” na França, vem de “réveiller”, em português, “despertar”. É como se abríssemos os olhos para uma nova realidade no primeiro dia de janeiro, cujo nome é devido a um deus da mitologia romana “Janus” (Jano) , “o deus dos portões” porque abria as portas para o ano que se iniciava. Como qualquer porta se volta para dois lados diferentes, era esculpido com duas cabeças, uma oposta à outra,  representando dois olhares, um para o passado e outro para o futuro. Quanta ajuda pode nos dar a visão do passado como experiência para o sucesso do futuro!
Vamos entrar na fantasia que Joseph inventou para sua filha. Na trouxinha que o menino Ano Novo carrega há muitas pedrinhas de ouro que vão ser espalhadas à medida que o ano avançar. Pedrinhas mágicas que irão se transformar em realidades. São as oportunidades que nos serão apresentadas e depende muito de nós que se tornem felizes, produtivas, solidárias, belas... ou não. 
Agradeçamos ao 2011 o que nos ensinou para a vida. E que saibamos aproveitar bem o que nos ensinará o 2012, porque, como dizem os latinos:
Dies posterior prioris est discipulis. (O tempo é mestre)


Nenhum comentário:

Postar um comentário